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Brasília

Mãe sai de hospital sem saber se bebê é seu

Arquivo Geral

05/08/2015 6h20

Ser barrada na saída do hospital, mesmo com alta médica, após dar à luz a Heloá três dias antes foi o drama vivido por Cirlene da Silva Cunha, 27 anos. O motivo? O bebê que a operadora de caixa carregava em seus braços ao ser liberada do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) poderia não ser dela.

O caso aconteceu no último sábado, assim que um segurança da unidade percebeu a diferença entre as pulseiras de identificação da mãe e da recém-nascida. Para piorar, até o fechamento desta edição, a dúvida se, de fato, houve uma troca de crianças ou um mal-entendido na hora de nomear a menina permanecia sem resposta. 

A verdade, no entanto, deverá aparecer hoje ou nos próximos dias, após resultado de um exame de DNA que vai comprovar se Heloá está com os pais certos. Como se não bastasse todo o sofrimento da família, Cirlene só conseguiu sair do HRSM com o bebê e esperar o desfecho da história em casa na última segunda-feira, após seu marido, o ladrilheiro Daniel Alves Ferreira, 27, procurar a delegacia da cidade, que liberou uma declaração para o casal ter a guarda provisória da criança. 

“Eu não posso fazer nada até esse exame sair. Não posso sair do meu endereço, não posso sair da cidade e, claro, também não posso registrar o bebê. Mas, pelo menos, eu consegui trazer a minha esposa para casa”, conta o ladrilheiro. 

Sucessão de erros

Ainda que o teste de DNA seja positivo, e Heloá esteja nos braços de sua mãe, o transtorno causado pela sucessão de erros da saúde pública do DF precisa ser investigado. Para começar, o parto da operadora de caixa foi realizado na madrugada da quarta-feira passada no Hospital Regional do Gama (HRG), onde teria começado a confusão. 

No local, assim que Cirlene passou por uma cesariana, a criança precisou ser levada para receber oxigênio. Portanto, ela não teve o primeiro contato com a filha após o nascimento. No mesmo dia, as duas tiveram de ser transferidas para o hospital de Santa Maria por falta de leito no HRG. 

Até então, ninguém havia percebido que o código das pulseiras não era o mesmo. Porém, ao chegar ao HRSM, uma enfermeira se deu conta do problema e avisou os pais do bebê que ia se informar sobre o caso. Esse teria sido o segundo erro da saúde pública do Distrito Federal.

Equívoco nos códigos das pulseirinhas

Segundo a mãe, Cirlene, a mesma enfermeira que percebeu o erro voltou ao quarto e disse que ela não precisava se preocupar, pois estava tudo certo. Mas não foi o que aconteceu, já que o segurança da unidade não deixou passar o erro dos registros na porta da unidade. 

“Ela (enfermeira) disse que ia ligar no hospital do Gama para saber o que tinha acontecido, mas, quando eu perguntei a resposta, ela falou que ‘não ia dar nada não’, já que meu nome e a minha data de nascimento estavam corretos. Fiquei tranquila”, conta Cirlene, ressaltando que o HRSM, após ter conhecimento do que havia acontecido, informou que afastou a enfermeira. 

Sem apoio

A mãe acrescenta que não teve nenhum apoio das equipes dos dois hospitais. “Os diretores do HRSM chegaram a conversar com a gente, mas não resolveram nada. Eles não comentavam sobre troca de bebês, falavam que eu só poderia ser liberada após o exame de DNA. Me senti uma prisioneira”, completa ela. No hospital do Gama, Daniel foi informado pela ouvidoria que apenas o nome da sua esposa havia sido registrado na unidade. 

Abalada, Cirlene ressalta a falta de responsabilidade da saúde pública. “O que eles queriam era que a gente esquecesse essa história, isso porque trabalham com vidas. Depois de passar pela emoção de gerar uma criança, pelo sofrimento do parto, a mãe só quer ir para casa curtir a família e descansar. Hoje, meu sonho é poder ter a certeza de que estou amando, amamentando e segurando a minha filha no colo”, conclui a operadora, dizendo estar confiante: “Eu sinto que ela é minha filha, ela se parece com o meu filho mais velho”. 

O JBr. procurou a Secretaria de Saúde, mas, até o fechamento desta edição, não obteve resposta.

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