Francisco Dutra e Daniel Cardozo
Mesmo com as deficiências do transporte público e as queixas dos passageiros, o Governo do Distrito Federal estuda aumentar o valor das passagens de parte das linhas. A recomposição pode atingir principalmente os trajetos conduzidos por cooperativas. O reajuste faz parte do projeto de reestruturação da malha de coletivos.
“Algum pequeno ajuste pontual pode ser necessário para evitar que o sistema piore. Nossa ideia geral é que só tenha reajuste de tarifa quando o sistema melhorar. Mas, em alguns pontos, a qualidade dos serviços está ameaçada de piorar muito. Então, pode ser necessário fazer algum pequeno ajuste nas tarifas”, revelou o secretário de Mobilidade, Carlos Tomé.
Segundo ele, os estudos apontam para recomposições dos preços nas linhas com passagens de R$ 1,50 e R$ 2,50. Pelo fato de o projeto ainda estar na fase de estudos, Tomé explicou que os novos valores ainda não estão definidos. No entanto, assegurou que, a princípio, o governo não espera reajustar as tarifas de R$ 2 e R$ 3.
O DF conta com, aproximadamente, 1.100 linhas. Um número fora da racionalidade, conforme Tomé, pois a frota acaba dispersada em demasia. Cenário que leva a horas de espera. Por isso, o GDF deverá diminuir o número de linhas, condensando os veículos em circulação. Hoje, o DF tem 2,5 mil ônibus de grandes empresas e 500 veículos de cooperativas.
Por exemplo, a cidade de São Paulo tem cerca de 500 trechos, enquanto Goiânia tem algo próximo a 250. Dentro da reestruturação das linhas, o governo buscará trajetos mais diretos, fugindo do atual formato com idas e vindas, a “minhocagem”. Tomé cita o exemplo de uma linha de Brazlândia que leva 40 minutos para seguir a Brasília.
Prejuízo a cooperativas
Se o consumidor anda insatisfeito, ele não é o único. As cooperativas reclamam de prejuízo com as passagens de R$ 1,50. No caso da Coopetran, o rombo acumulado seria de R$ 35 milhões e compreende o período de 2008 a 2014.
Vencedora da licitação de 2007, a empresa afirma que o desfalque traz reflexos no serviço, como impossibilidade de renovação da frota e queda na qualidade. De acordo com o vice-presidente, Ricardo Moraes, a tarifa continua a mesma desde que o governo Arruda decidiu oferecer desconto. “Operamos oito meses com a passagem promocional de R$ 1. Isso nos fez perder R$ 8 milhões. A revisão ainda em 2008 trouxe a tarifa para o preço atual e continuamos tendo prejuízo”.
Está prevista no contrato a obrigação de o Executivo reequilibrar as finanças. Isso significa que o governo precisará aumentar o subsídio por passagem ou repassar o custo ao passageiro. Em Ceilândia, por exemplo, o valor subsidiado por usuário é de R$ 3,25, complementando R$ 1,50 pago na compra da passagem.
As conversas entre governo e cooperativas começaram em maio com protesto. A Secretaria de Mobilidade falou em estudos, mas não definiu data para mudar preços.