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Brasília

Estudo mostra que número de mortes na gravidez é preocupante

Arquivo Geral

29/05/2015 6h00

Estar grávida requer cuidados. Não apenas com o bebê. Números revelam que mortes das gestantes têm aumentado na capital, parte devido à gravidez tardia, pois muitas preferem buscar estabilidade financeira ou na carreira para depois realizarem a maternidade. Estudo  divulgado  pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) e DataSUS mostra um coeficiente  de mortalidade materna superior ao aceitável. Na capital, são 53,9 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos, enquanto a   Organização Mundial da Saúde (OMS) considera admissível o índice de 20. 

Mulheres na faixa dos 40 anos são as mais vulneráveis por serem consideradas com idade de risco. De 2009 para 2013, houve aumento de 17,4% nos casos de gravidez tardia. No período, foram registrados 106 óbitos.

A gerente de Estudos e Análises Tranversais, Jamila Zgiet, explica que, diante das mudanças culturais, as mulheres têm escolhido ser mães cada vez mais tarde: “Esses números são um convite para repensar o planejamento familiar e traçar estratégias para lidar com o novo perfil que está surgindo”.

Cor e raça

Quanto a óbitos maternos considerando cor e raça,   75% das vítimas eram negras. Zgiet ressalta que as negras compõem 55% do total de mulheres no DF e que ainda sofrem com o racismo: “Existe no subconsciente de alguns médicos que elas são mais fortes e suportam dor por mais tempo. Dão preferência para as brancas no atendimento e, por isso, muitas morrem por hemorragia ou outras complicações”.

O estudo apontou que os óbitos têm grande incidência em  solteiras e que a mortalidade  em idade fértil revela a falta de atenção à saúde da mulher. A maior causa das doenças é o câncer, por falta de mamografias e outros exames preventivos, seguido por acidentes e agressões, e ainda doenças do sistema circulatório, como hipertensão e diabetes. 

Foi observado um crescente número na realização de partos cesáreos no DF que provêm da influência cultural e dos hospitais privados, que priorizam o valor elevado da cirugia e a comodidade do agendamento do nascimento da criança. O percentual de cesarianas supera o de partos vaginais e chegou a 54,4% em 2013. O ideal, segundo a OMS, é de 15% do total.

Gestantes têm ido menos às consultas

Outro fator preocupante é o número de internações por abortos: mais de 3 mil são feitas por ano em todo o DF. 

Houve também aumento do percentual, de 1,8% para 5,2%, de gestantes com nenhuma consulta feita até o nascimento, quando o ideal é fazer pré-natal e sete ou mais consultas. 

A chefe de gabinete da Secretaria da Saúde, Monica Iassanã, diz que é possível trabalhar para mudar essa realidade: “O governo tem instituído programas para assegurar os direitos da gestante. Muitas não sabem aonde ir, onde fazer exames e começam a peregrinar pelos hospitais. Devemos trabalhar na melhoria e ampliação desses serviços”.

Para ela, o sistema de saúde progrediu na investigação dos óbitos maternos. Em 2006, apenas 28,6% eram investigados.

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