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Brasília

Bombeiros alertam sobre primeiro sinal de risco em casos de vazamento de gás

Arquivo Geral

27/05/2015 6h30

A explosão supostamente causada por vazamento de gás no bairro de São Conrado, no Rio de Janeiro, e um incidente em uma faculdade da Asa Sul, na última segunda-feira, acendem sinal de alerta. De janeiro até 21 de maio, o Corpo de Bombeiros (CBM-DF) registrou nada menos do que 200 chamados de vazamentos de gás no Distrito Federal. Em todo o ano passado, foram 727 ocorrências, com o Plano Piloto em primeiro lugar na lista, somando 168 (23%) delas. 

Entre as principais causas de incidentes relacionados a botijões estão a ausência de manutenção e o descuido no momento da instalação. Além disso, muitas pessoas ainda não sabem a maneira correta de proceder.

“A primeira coisa   é verificar  a procedência daquele botijão. Se é realmente confiável ou não. Depois disso, as pessoas devem ver, assim que o gás é instalado, é se ele está vazando. E isso não pode ser feito com fogo, de jeito algum. A maneira correta é pegar uma esponja, espalhar sabão nela  e esfregar em volta da válvula de escape de saída de gás. Se surgirem bolhas ali, é porque há vazamento. Aí, é necessário   trocar a mangueira ou   o próprio botijão”, explica o tenente  Afonso Gomes, do Corpo de Bombeiros.

Como armazenar

Há ainda maneiras corretas de acondicionamento do gás, informação que poucos sabem. “Lugares fechados, como armários, por exemplo, são péssimos. A gente não recomenda. É importante verificar   se há tomadas, interruptores e outras instalações elétricas próximas. Caso haja, pode trocar de lugar. Qualquer faísca, em caso de vazamento, pode causar uma explosão”, salienta. Para Gomes, a principal ideia que as pessoas devem ter em mente é que o gás é um combustível. 

E se, ao chegar em casa, houver cheiro de gás? A melhor maneira de lidar com o problema, alerta o tenente, é, primeiro, abrir as janelas e portas. “A ideia é arejar o ambiente para que o gás não fique concentrado. Depois disso, é importante lembrar de não ligar nada, nem a luz. Após esses dois procedimentos, a recomendação é realmente de ligar para os bombeiros, no   193”, afirma. 

O melhor é ligar 193

O tenente dos bombeiros  Afonso Gomes destaca que existem outras formas de conter um vazamento, no entanto, não são recomendadas. “Há um treinamento, todo um preparo, para contornar essa situação. É claro que podemos ensinar o cidadão a lidar com isso sozinho. Agora, nem sempre isso surtirá um efeito positivo. Então, destacamos  que, em caso de vazamentos, o melhor é ligar para o Corpo de Bombeiros. Fomos treinados para isso”, diz o tenente, que chega a fazer uma demonstração de como conter um vazamento dentro de casa. 

“Entre o fogo e o botijão, há um espaço. Ali, fica o gás. Se a pessoa se sentir segura e preparada, é só colocar o dedo neste espaço. Com isso, ela vai, imediatamente, parar a combustão”, aponta. 

Canalizado

Além dos cuidados com o botijão guardado dentro de casa, é preciso estar atento ao chamado gás canalizado. Ou seja, aquele que é comumente instalado em prédios, principalmente nas construções novas. O método, apesar de ser considerado mais seguro, também exige atenção na hora da instalação e, principalmente, inspeção. Ambas de responsabilidade também das empresas que prestam o serviço. Na Asa Norte, em 2013, um botijão industrial, que fornecia gás aos moradores do Bloco A, vazou no momento do reabastecimento. A área ficou completamente isolada e os bombeiros solicitaram, na época, o desligamento de energia do prédio.

Alternativa mais segura

Na avaliação do tenente do Corpo de Bombeiros Afonso Gomes,  apesar da ocorrência de eventuais  incidentes envolvendo gás canalizado, este   método é o mais seguro em termos de abastecimento. “É um procedimento com muitas exigências, que tenta garantir, ao máximo, a segurança dos moradores”, destaca o militar. 

Ele afirma, inclusive, que antes da instalação, a própria corporação é a responsável pela verificação do cumprimento de todas as normas estabelecidas na Central Predial de Gás Liquefeito de Petróleo do Distrito Federal, que pode ser encontrada na íntegra no site dos Bombeiros (www.cbm.df.gov.br).

Reclamações

Apesar das exigências e do controle na hora da instalação, é justamente o gás canalizado o que mais causa reclamações no Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-DF). Ao ser questionado sobre os registros contra empresas de gás, o órgão afirmou que só tem especificado o assunto gás encanado, que aponta 22 queixas este ano e 59 em 2014. 

Vale lembrar ainda que um dos casos mais recentes de vazamento de gás canalizado no Distrito Federal  aconteceu justamente onde  mais se espera  segurança: na Esplanada dos Ministérios. 

Em março deste ano, o bloco dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Esporte  foi esvaziado após um vazamento na rede de gás. O prédio foi inspecionado pelo Corpo de Bombeiros e liberado horas depois. Apesar do susto, não houve estragos.

Confiança na manutenção do sistema

Quem trabalha em prédios com gás canalizado também garante que o método é o mais seguro, ainda que haja reclamações. “A cada 18 dias, a empresa que abastece as válvulas faz o procedimento. Nós, tanto zeladores, como moradores, podemos acompanhar de perto. Não tem perigo, por exemplo, de um morador esquecer o botijão aberto e vazando. Isso nos deixa mais tranquilos. Além disso, a cada cinco anos, é feita uma vistoria completa de todo o sistema. Em caso de falhas, tudo é trocado”, avalia o zelador Oziel Coelho, de 45 anos. Ele trabalha no mesmo bloco, da Quadra 304 do Sudoeste, há 20 anos. É o homem de confiança para controlar o abastecimento de gás. 

“A gente fica sabendo, às vezes, de casos em que as pessoas esquecem o botijão aberto, viajam sem fechar, e isso é um risco para todos. Acredito que, com esse método,  é mais fácil manter o controle. Porque eu não poderia entrar nos apartamentos para verificar”, salienta o zelador. 

Melhor ou não, fato é que muitas pessoas ainda preferem garantir o controle do gás dentro de casa. Este é o caso da aposentada Maria de Nazareth da Costa,  76 anos. Moradora do Cruzeiro, ela só confia mesmo na própria inspeção. “Não esqueço ligado nunca. Quando viajo, me certifico de que está fechadinho, sem perigo. Agora, pelo meu vizinho, não posso responder. O ideal é que todos façam isso”, diz.

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