Tudo o que Marly queria era chegar logo ao destino: Bangkok. Por meses, ela planejou e esperou pelo momento de embarcar a caminho da capital tailandesa. No entanto, nem tudo saiu como pretendia. Em vez de sair de Brasília e ir direto para a grande São Paulo, ela foi parar em Campinas. Um erro da empresa aérea, que resultou em mais gastos para a servidora pública, de 68 anos. Além dos danos morais. Ela tentou, primeiro, resolver o problema diretamente com a companhia. Sem sucesso, acabou no Tribunal de Justiça do DF (TJDFT). E foi atendida pelo projeto Pauta Específica.
No mesmo dia, Marly teve uma audiência de conciliação marcada. Semanas depois, ela e a representante da companhia, Carolina Rodrigues, sentaram frente a frente, no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania dos Juizados Especiais Cíveis de Brasília (Cejusc-JEC), na tentativa de conseguir um acordo.
A cliente pediu ressarcimento da passagem, no valor de R$ 3,5 mil, mais R$ 2,5 mil por danos morais. Ao final do encontro, conseguiu R$ 4,5 mil. “Estou satisfeita”, disse a servidora. Problema resolvido.
Audiências
Marly teve a audiência marcada para o dia de Pauta Específica. Ou seja, uma data reservada para a concentração de audiências com empresas que se comprometem a ajudar no processo de conciliação: mais um serviço oferecido pelo TJDFT.
“Esse processo consiste em assinar um termo de parceria com as empresas. Por exemplo, nós concentramos as audiências. Então, em vez de os advogados ficarem vindo aqui todos os dias, a gente concentra essa pauta duas vezes por mês. Por outro lado, o que eu exijo dele? Que ele tenha um tratamento diferenciado com esse cliente. Que ele tenha ciência desse processo”, explica a coordenadora do Cejusc-JEC, Andrezza Passani.
O projeto Pauta Específica tem como foco, além da conciliação, a ideia de mostrar às empresas que elas podem reconquistar clientes. “A gente viu que as empresas desperdiçavam o momento da conciliação. Então, chegavam aqui com o seu representante despreparado, sem querer acordo”, destaca.
Prática tem estimulado acordos
Implementado em 2010, o projeto vem aumentando o número de acordos homologados no Cejusc- JEC. “Tínhamos um banco aqui, por exemplo, que, em três anos, o juiz homologou apenas dois acordos. Essa empresa não fazia conciliação de jeito nenhum. Depois que demos início ao projeto, ele passou a fazer 70% de acordos entre as demandas dele. Quer dizer, mudou radicalmente a postura”, lembra a coordenadora Andrezza Passani. Ela ressalta a importância do curso oferecido durante o processo para os representantes das empresas.
“Aliado à Pauta Específica, a empresa participa de um curso nosso de técnicas de conciliação para representantes de empresas, onde os prepostos e advogados podem participar. Esse curso chegou a ganhar o prêmio Conciliar é Legal, de 2012. Na verdade, a Pauta Específica com Treinamento de Prepostos. E o que a gente ensina, na verdade, são coisas simples. São técnicas, até de gestão, que fazem o cliente se sentir respeitado”, aponta.
