O corpo de um morador de rua foi encontrado no fosso do elevador do antigo Torre Palace Hotel, na Quadra 4 do Setor Hoteleiro Norte, por volta das 11h de ontem. O caso, que ocorreu no prédio abandonado, às margens do Eixo Monumental, reforça o sentimento de insegurança da população no centro da capital. Com a presença constante de moradores de rua e usuários de drogas, o que não faltam são reclamações de turistas, taxistas e moradores da região.
Segundo a Polícia Civil, após o trabalho da perícia, o corpo de Gustavo Júnior dos Santos, 18 anos, foi retirado do local no período da tarde e levado para o Instituto Médico Legal (IML) para fazer a necropsia. O laudo com a causa da morte deve sair em 30 dias. A 5ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) investiga o caso.
Assustada com a realidade do Setor Hoteleiro Norte, a aposentada Ângela Maria Ribeiro Pereira, 68 anos, que reside em um apartamento no hotel em frente ao prédio abandonado, afirma que vive com medo. Também moradora do Rio de Janeiro, ela conta que tem vontade de se mudar de vez para Brasília, mas não tem coragem por causa da situação da vizinhança.
“Quando vou lanchar aqui perto, fico olhando para todos os lados e volto para casa correndo. Minhas amigas ficam assustadas quando me deixam em casa. Me sinto uma prisioneira”, reclama.
Segundo Ângela, a solução para o problema precisa ser rápida. “O governo tem que implodir isso logo. Ninguém aguenta mais viver com medo”, lamenta.
Edifício causa insegurança e medo
Para Rômulo Araújo, gerente de um hotel próximo ao antigo Torre Palace Hotel, a imagem do local abandonado prejudica a todos. “Nós, por exemplo, recebíamos muitos hóspedes de embaixadas, que, agora, não aparecem mais. Eles, inclusive, alegaram que deixaram de procurar nossos serviços, pois o prédio abandonado oferecia risco”, afirma o gerente, ressaltando que os condôminos também estão insatisfeitos.
“No hotel, 50% é morador. Em geral, todos adoram e parabenizam nosso atendimento, mas sempre reclamam desse problema. Vale lembrar que a polícia é bastante presente, mas isso não resolve o nosso problema. Não é só isso que os hóspedes querem”, declara.
O taxista Mateus Aguiar de Menezes, 37 anos, que trabalha das 18h30 às 7h30 do outro dia no ponto em frente ao hotel vazio, alerta para a decepção de quem vem de fora. “Todo turista que eu pego nessa área reclama da insegurança. Eles falam que é uma falta de respeito com o centro de Brasília”, conta.
Saiba mais
Criado pelo libanês Jibran El-Hadj, convidado por Juscelino Kubitschek para empreender na capital, o Torre Palace Hotel é um dos hotéis históricos de Brasília.
Com 14 andares e 140 apartamentos, o Torre Palace Hotel começou a funcionar no ano de 1972 e foi primeiro edifício do Setor Hoteleiro Norte.
