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Brasília

Policial militar reformado mata a esposa em Ceilândia

Arquivo Geral

15/04/2015 15h35

Um crime passional e extremamente violento assustou os moradores da QNN 24, em Ceilândia Sul. Na tarde desta quarta (15), um policial militar reformado matou a esposa, que também fazia parte da corporação, com cerca de oito tiros pelo corpo. Em seguida, tentou se suicidar. 

Neide Rodrigues Ribeiro, de 47 anos, e Jailson Guedes, também de 47 anos, viveram juntos por mais de 20 anos. Mas, segundo os familiares, eram completamente diferentes. Ela, “sempre solícita e atenciosa com todos”  e ele, “agressivo e muito grosseiro”. ” A Neide era super centrada, muito culta, com uma formação maravilhosa. Ele tinha um monte de problemas psicológicos e era usuário de drogas”, informou uma amiga da vítima, que preferiu não se identificar. 

Após muitas brigas, desentendimentos e discussões, Neide resolveu se separar do companheiro. Nesta quarta (15), ela arrumou suas coisas e chamou um caminhão de mudanças. De acordo com vizinhos, quando Jailson viu o caminhão, ameaçou o motorista que, assustado, foi embora.

O crime

O casal iniciou uma discussão e, por volta de 12h10, o suspeito deu o primeiro tiro. “Nós ouvimos os dois brigando. Depois de uns 20 minutos ouvi um grito dela, seguido por quatro disparos. Passou uns dez minutos e ouvimos mais uns quatro tiros”, detalhou uma das vizinhas que não quis se identificar. Completamente transtornado, Jailson saiu pedindo socorro pela rua. “Ele gritou: me ajuda! Minha esposa! Nós estamos nos matando!”, contou a testemunha. Os vizinos imediatamente chamaram a Polícia Militar, mas já era tarde demais – Neide estava morta. 

Após o atirar contra a mulher, o policial deu um tiro contra a própria cabeça, mas a bala pegou de raspão. Segundo testemunhas, o tiro acertou em um metal e atingiu o pé de Jaílson. Ele foi encaminhado para o Hospital Regional de Ceilândia e, posteriormente, transferido para o Hospital de Base do Distrito Federal, onde encontra-se internado e sob escolta policial. O estado de saúde dele não foi divulgado.

De acordo com a Polícia Civil, Jaílson foi autuado em flagrante por homicídio. “A delegacia está aguardando o resultado do laudo pericial. As investigações estão em andamento”, informou a corporação. Os familiares da vítima, muito emocionados, acompanharam a perícia. O pai de Neide, José Ribeiro Sobrinho, de 77 anos, precisou de atendimento médico no local. “Por que ele não usou essa arma para dar um tiro em um bandido?”, questionou ele. 

Até o fechamento desta matéria, a Polícia Militar não havia se pronunciado sobre o caso. A Caixa Auxiliadora dos Policiais Militares (CAP) e a Caixa Beneficiente (CB), ficarão responsáveis pelo velório e enterro da oficial. 

Histórico

A vítima estava trabalhando desde 2003 como diretora jurídica da Associação dos Policiais Militares (Aspom) e era muito querida pelos colegas  de trabalho. “Não dá nem para acreditar nisso, pois ela era uma pessoa que estava sempre alegre e de bem com a vida. Era uma pessoa ótima”, disse o presidente da Aspom, capitão Chacon. Nesta manhã, a oficial saiu do trabalho para terminar a sua mudança. “Hoje ela saiu mais cedo e disse que estava indo para casa pegar suas coisas para se mudar”, contou o capitão. 

Vizinhos do casal contaram que preseciavam diariamente desentendimento do casal. “Eles ficavam fora a maior parte do dia, mas quando estavam em casa era só gritaria. A polícia nem atendia mais aos nossos chamados para socorrer o casal”, contou. Além das brigas, Jaílson costumava ameaçar as pessoas que passassem próximo à sua casa. “Nós morríamos de medo de andar por aqui. Porque qualquer coisa era motivo para ele sair gritando, apontando a arma para todos nós”, informou um morador da rua. 

Feminicídio

Um estudo inédito realizado pelo Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis), em parceria com o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), divulgado no dia 31 de março, apontou que, entre 2006 e 2011, das 275 mortes violentas de mulheres que foram consideradas na pesquisa, 35% foram apontadas como feminicídio. Outras 44% foram homicídios genéricos e 21% estão na categoria cifra oculta, quando laudos cadavéricos são realizados após três anos da morte, ou quando não há inquérito ou, ainda, quando estava em trâmite sem autoria determinada.

De acordo com a pesquisa, 12% dos casos de feminicídio foram seguidos pelo suicídio do autor. Na metade dessas situações, o suicida era agente das forças de segurança pública –  policiais civis e militares ou bombeiros. 

Segundo informações de uma amiga de Neide, ela morreu acreditando que o seu relacionamento ainda teria chances de dar certo. “Ela era completamente apaixonada por ele. Tentou ajudá-lo com carinho e o levou para psicólogos. Mas nós sabíamos que não ia acabar bem. Tentamos alertá-la diversas vezes”, desabafou. 

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