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Brasília

Novacap retira, diariamente, cerca de cinco toneladas de detritos das bocas de lobo do DF

Arquivo Geral

30/03/2015 7h00

Pneus, calotas de carros, lixo doméstico e até carcaças de televisores são encontrados pelos técnicos da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) durante a limpeza das bocas de lobo. Todos os dias, a empresa retira entre quatro a cinco toneladas de lixo das 170 mil bocas de lobo distribuídas nas regiões administrativas do DF. Com a chegada das chuvas, o trabalho se intensifica, mas, sem a conscientização da população, torna-se um círculo vicioso.  

No início deste ano, entre janeiro e fevereiro, aproximadamente 1,5 mil bocas de lobo foram limpas por funcionários da Novacap. Para realizar o serviço, a empresa conta com três equipes compostas por 15 pessoas e três caminhões.

Segundo a companhia, as cidades com maiores índices de bocas de lobo entupidas são Ceilândia, Taguatinga, Samambaia e Gama. “Nas regiões mais afastadas do centro de Brasília, a reincidência de lixo jogado na rede de drenagem é grande”, comenta o chefe da Seção de Manutenção e Drenagem da Novacap, Ângelo Tiveron.

Perguntado sobre os motivos que levariam a população das cidades do DF a jogar mais lixo nas bocas de lobo, Tiveron diz acreditar que níveis de escolaridade e acesso à informação inferiores influenciam esse quadro. “No Plano, há muitas árvores, por isso, folhas e galhos secos costumam entupir as bocas de lobo. Os resíduos sólidos são mais frequentes nos locais com grande circulação de pessoas. Já nas cidades do DF, há mais registros de obstrução  por lixo”, explica.

Apesar das localidades citadas apresentarem mais índices de entupimento, o problema é geral. Basta chover para que Sudoeste, Cruzeiro e até as Asas Sul e Norte – onde a população possui alto nível de escolaridade, renda elevada e bom nível social – alagarem.

Pequenos e prejudiciais

Mesmo jogando menos lixo nas ruas, os moradores dessas e outras regiões ainda acreditam que objetos pequenos não são capazes de entupir as bocas de lobo. No entanto, segundo funcionários da Novacap, de pouco em pouco o que era um simples pedaço de papel se torna um monte de lixo e contribui para entupir bocas de lobo e bueiros (buracos maiores, de formato arredondado). 

Por isso, frisa Tiveron, a conscientização da população é fundamental. “Evitar jogar lixo nas ruas é um dos fatores preponderantes para evitar o entupimento da rede, além de ser uma questão de cidadania”, acredita. “Porém, o lixo jogado na rua não é suficiente para entupir as bocas de lobo. O problema maior são os resíduos jogados diretamente na rede. Tem gente que joga sacos de lixo fechados”, diz. 

Somados a isso estão problemas no sistema de águas pluviais e na topografia das cidades. Algumas quadras da Asa Sul, por exemplo, estão abaixo do nível do Eixinho e, assim, possibilitam o escoamento de grande quantidade de água e aumentam a demanda das poucas e, muitas vezes, entupidas bocas de lobo. 

Segundo Tiveron, isso acontece porque o sistema de águas pluviais do Distrito Federal está defasado. “A cidade cresceu demais. Mas já existe um projeto para a implantação de novas bocas de lobo e uma reforma em todo o sistema, o Águas do DF”, diz.

Moradores falam sobre a  sujeira nas ruas

Ângela Regina, copeira, de 25 anos, mora em Ceilândia. Ela conta que, caminhando pela cidade, é possível ver grande quantidade de lixo nas bocas de lobo. “Já reparei que estão sempre muito sujas. Isso é culpa da falta de educação das pessoas. Se a comunidade respeitasse, teríamos menos problemas com escoamento de água durante as chuvas”, acredita ela. 

Ana Maria Jorge, esteticista, 33 anos, confessa que já jogou lixo no chão, mas se arrepende e mudou seu hábito. “Hoje sei os problemas que isso causa, então, eu evito. Não adianta reclamar dos alagamentos se não fizermos a nossa parte”, diz. 

Os frentistas Lucas Teixeira, de 20 anos, e Matheus Sousa, de 19, relatam que estão acostumados a ver pessoas constantemente jogando lixo no chão no posto em que trabalham. “Tem gente de tudo quanto é jeito. Tem uns mais conscientes, que pedem para nós jogarmos fora, e tem os que simplesmente jogam pela janela do carro”, comenta Lucas. Já Matheus confessa que segura o próprio lixo por quilômetros para não jogá-lo nas ruas. “Fico com ele na mão até encontrar uma lixeira“, conclui.

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