O cenário descontraído foi palco de uma discussão bastante séria. Às margens do Lago Paranoá, uma audiência pública reuniu, ontem, autoridades no Parque Ecológico das Garças, no Lago Norte, para debater a preservação ambiental. Mais do que isso, a iniciativa ainda contou com o apoio dos mais interessados no assunto, os próprios usuários da bacia. O tema foi Água é Vida: Vamos cuidar? Definindo o futuro do Lago Paranoá. No total, cerca de 200 pessoas compareceram ao local, segundo a organização do evento.
Na ocasião, enquanto os políticos repensavam a sustentabilidade junto com a população, o estudante Mateus Moreira de Almeida Perei ra, 14 anos, aproveitava para praticar esporte durante a discussão. Com má formação da coluna desde a infância, o que explica a necessidade de uma cadeira de rodas, Mateus pratica Stand up Paddle (SUP) no lago com frequência. Assim como ele, muitos outros brasilienses encontram na água uma opor tunidade de vida saudável.
A evolução do estudante, inclusive, foi reforçada pela mãe, a funcionária pública Adriana Moreira de Almeida, 45 anos. Ela conta que, após os exercícios, o filho adquiriu equilíbrio e força. “Todo fim de semana viemos com ele para o Lago Paranoá. É um trabalho para o corpo e a mente. Aqui, ele conquista a sensação de liberdade e independência. Por isso, acho essencial preservar o que é responsável pela felicidade do meu filho e de todos os outros brasilienses que desfrutam do lago”, completa. O projeto que Mateus participa é o Raia Norte Esportes, do Parque das Garças, que é gratuito para cadeirantes.
Durante toda a manhã, três grandes grupos discutiram subtemas distintos, como a democratização do acesso e uso do Lago Paranoá, preservação da bacia e zoneamento da área, bem como o projeto de captação da água. O evento é uma iniciativa da Câmara Legislativa do DF, em parceria com algumas administrações regionais.
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Durante a audiência pública, foram realizadas várias atividades, como natação, Stand up Paddle (SUP), remo, slackline, pantio de árvores e até grupos de escoteiro. O coordenador do Movimento Ocupe o Lago, Marcelo Ottoni também esteve presente.
Políticos querem cidade como exemplo
Presente na reunião, o deputado Joe Valle explica a escolha do Parque das Garças. “Não faz sentido discutir a questão do meio ambiente dentro de um escritório. O nosso grande objetivo é transformar Brasília em uma cidade sustentável”, afirma.
O deputado acrescenta que essa é a quinta edição da audiência, e o próximo encontro será um seminário daqui a duas semanas. “Dessa vez, estamos abordando uma série de pontos relacionados ao Lago Paranoá, como a desocupação da orla, o acesso da população, independente da classe social, e os projetos de conscientização da comunidade”, completa Joe Valle, ressaltando que, até o fim do ano, uma lei para tratar das águas do DF estará pronta para ser votada pela Câmara.
O administrador do Lago Norte e do Varjão, Marcos Woortmann, alerta para o exemplo que a capital precisa dar ao resto do País. “A cidade já deu muitos exemplos negativos e precisa resgatar a missão de inspirar um futuro bom para o resto do Brasil, e podemos começar pela preservação ambiental”, diz.
Para o secretário de Meio Ambiente, André Lima é preciso ampliar a discussão nos parques, nas escolas e na política. “Estamos vivendo uma crise da civilização, que foi educada na lógica da abundância”, finaliza.
