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Brasília

Arquivo Público de Brasília completa 30 anos

Arquivo Geral

04/03/2015 12h18

Mais de 9 milhões de arquivos, entre textos, mapas, vídeos, áudios, recortes de jornais, cartazes e imagens, estão organizados, conservados e disponíveis para qualquer um que queira explorar a memória de Brasília. O Arquivo Público do Distrito Federal, guardião legal e difusor da história da unidade federativa, existe para proteger a documentação produzida e acumulada pelo governo e por entidades de caráter privado. “O que é criado hoje pode ser histórico amanhã”, afirma Marta Célia Bezerra Vale, arquivista, historiadora e superintendente do órgão.

O Arquivo Público completa 30 anos em 14 de março. Instalado em nova sede desde outubro passado, no Setor de Garagens Oficiais Norte, o local está em fase de organização. Mesmo assim, é possível acessar as dependências, como o arquivo permanente, que abriga documentos textuais, como ofícios e recortes de periódicos, material iconográfico e a biblioteca, especializada em documentos arquivísticos, históricos e administrativos.

Nos terminais de consulta da biblioteca, o público tem acesso a tudo que já foi digitalizado — grande parte do acervo. “É só preencher um formulário, anotar o código numérico do arquivo necessário e trazer uma mídia de gravação. Também podemos mandar por e-mail”, explica Rita de Cássia Alves da Rocha, gerente de Atendimento ao Público. Como o processo de digitalização dos documentos começou em 2014, alguns ainda não estão disponíveis eletronicamente, mas é possível digitalizar qualquer documento solicitado, sem custo.

O arquivo reúne praticamente toda a documentação pública que engloba o recorte temporal das décadas de 1950 e 1970, período da construção de Brasília e do início da vida urbana na capital. Há depoimentos de pioneiros, projetos urbanísticos, material fotográfico, programação cultural da época, revistas, recortes e outros documentos históricos.

Caminhos registrados

Com um acervo de mais de 34 mil mapas, a sala dos documentos raros retrata os caminhos traçados pelos primeiros habitantes da capital e enche os olhos de pesquisadores. Das décadas de 1920 e 1930, há escrituras e títulos de propriedade de loteamentos vendidos por prefeitos goianos, inclusive da Fazenda Bananal, área que pertencia ao estado de Goiás e que foi desapropriada pelo presidente Juscelino Kubitschek para a construção de Brasília.

Fazem parte do arquivo cadernetas de 1894 do engenheiro Hastimphilo de Moura, integrante da Missão Cruls, equipe que demarcou a primeira grande área do Distrito Federal. Outro material importante para a história da construção da cidade é o Relatório Belcher, documento técnico feito por uma empresa norte-americana contratada para definir os sítios que poderiam abrigar a nova capital. “Temos o relatório original, em inglês”, conta Elias Manoel da Silva, historiador e especialista do Arquivo Público. Ele também chama a atenção para um mapa de 1892. “É o registro da primeira vez que o retângulo do DF aparece no mapa do Brasil.”

A sala guarda outros registros da época, como a partitura da primeira música composta em Brasília, Exaltação a Brasília, que tem letra de Bastos Tigre e melodia de Dilermando Reis. Grande parte do acervo do órgão é fruto do esforço dos funcionários em recolher essas memórias, como os documentos oficiais do ex-prefeito de Brasília Paulo de Tarso Santos, doados em 25 de fevereiro ao Arquivo Público do Distrito Federal. “Insistimos para conseguir este material, e agora aqui está”, afirma Marta Célia.

Capacitação

É necessário tomar cuidados básicos para manter a integridade dos documentos. “Todos aqui temos noções sobre como conservar, não dobrar, não cortar, limpar, manusear com cuidado e manter em temperatura adequada e longe de insetos”, explica a superintendente. Além dela, há 43 servidores responsáveis pelo funcionamento do órgão.

Depois de determinado tempo, a documentação perde o valor usual e ganha interesse histórico. Por isso é tão importante ter tudo identificado e organizado. O tempo de uso varia de acordo com o documento. Alguns já surgem com valor histórico. “Um relatório, por exemplo, nasce com valor permanente, porque sintetiza tudo o que foi feito naquele momento”, diz Marta Célia. Segundo ela, os arquivistas usam um instrumento chamado tabela de temporalidade para avaliar quanto tempo a documentação deve permanecer em uso ou ser preservada.

Nos últimos anos, funcionários do Arquivo Público iniciaram uma capacitação em outros órgãos que trabalham com documentação em Brasília. “Pretendemos retomar essa atividade em 2015”, avisa a superintendente. Ela ressalta a importância de normatizar o arquivamento em outros órgãos para que todos saibam qual a melhor forma de organizar os documentos que, em algum momento, serão recolhidos pelo Arquivo Público e contribuirão para manter viva a história da cidade.

Arquivo Público do Distrito Federal

Setor de Garagens Oficiais Norte, quadra 5, lote 23, bloco B – Asa Norte

Atendimento ao público de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas

(61) 3361-1454

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