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Brasília

No Sudoeste, foi-se o tempo da sensação de segurança

Arquivo Geral

04/03/2015 8h00

Os crimes sofridos pelo engenheiro civil Lourival Loureiro Almeida,   49 anos,   no Sudoeste, engrossaram as estatísticas no ano passado. Ele registrou duas das 236 ocorrências de furtos em veículos na região em 2014, segundo levantamento da Secretaria de Segurança (SSP- DF). O número está inserido aos quase 16 mil casos registrados no DF, e integra um cenário de piora na proteção aos  habitantes. No bairro de classe média alta, os relatos são de que a sensação de segurança, antes comum, deu lugar ao medo da violência.

De acordo com secretaria, crimes como os sofridos por Lourival, classificados como “contra o patrimônio”, aumentaram a incidência em 22% no ano passado, em relação a 2013, passando de 453 para 554. Os tipos de delitos que apresentaram mais crescimento foram roubo e furto de veículos, roubo e furto a transeuntes e roubo em comércio.

“Fui à polícia, mas não deu em nada. O primeiro caso teve até perícia, mas sem resultado”, lamenta o engenheiro, que teve o carro arrombado duas vezes no mesmo mês. Ele veio de Belém (PA) há cerca de um ano devido ao trabalho, e, apesar da violência sofrida, ainda qualifica o Sudoeste como um bom lugar para viver. “Só não considero excelente por conta do que houve”, brinca.

Antigo morador da Quadra 302,   Lourival vê as portarias do prédio, viradas para ruas de pouco movimento, como fatores de risco. “Agora onde estou, na 102, os prédios estão virados para o comércio agitado. Isso inibe um pouco”, especula.

A Secretaria de Segurança informou ainda não ter dados sobre a criminalidade referentes a janeiro e fevereiro deste ano especificamente no Sudoeste.  A pasta divulgou ontem estatísticas gerais do DF (leia na página ao lado). 

Presença  de moradores de rua incomoda

Quem reside no Sudoeste há décadas tem opinião radical a respeito da segurança da região. As principais reclamações passam pela quantidade de moradores de rua nas avenidas, mas por motivos diferentes. Para o empresário e dono de um restaurante na Quadra 101   Aldevar Machado, de 54 anos, por exemplo, os sem-teto são parte do problema.

“Eles incomodam, pedem comida aos clientes e eu não posso tirar, porque a gente pede e eles não saem, e não posso forçá-los”, reclama o senhor. “Sinto-me coagido a dar comida para eles, porque deixo meus carros estacionados aqui em frente e fico com medo de irem lá e arranharem”, emenda o empresário.

Assalto e agressão

O filho de Aldevar, de 18 anos, já teria sido assaltado enquanto andava de bicicleta nas proximidades do Parque da Cidade Sarah Kubitschek, há aproximadamente  dois anos. 

“Um deles colocou a mão no guidão e outro deu um soco no menino. Ele saiu correndo atrás dos bandidos e achou uma viatura, mas não adiantou nada”, queixa-se o empresário.

Adaptação à violência

Sócio-proprietário de uma loja de bicicletas na Quadra 101, Pedro Rodrigues  teve de mudar o próprio negócio para se adaptar aos perigos da criminalidade. Ele sofreu cinco assaltos ao seu estabelecimento em 18 anos de funcionamento. “Parei de comercializar uma mercadoria que roubavam sempre, que eram uns óculos de uma marca famosa. Só quando fiz isso parei de ser assaltado”, desabafa.

Ele diz que a situação compromete a integridade dos clientes de sua loja também, pois muitos já teriam sido vítimas. “Quando a polícia vem e prende, dá o baculejo, mas depois tem que liberar. Tem muitos desses moradores de rua que são gente simples, mas outros vários só querem se dar bem, são malandros”, avalia.

Educação

Pedro acredita, porém, que a presença de mais policiamento nas ruas  simplesmente remediaria um problema mais profundo. “O problema não é o Sudoeste, que é um bairro rico e tem uma poeira fora do lugar. A questão é investir na Região Metropolitana e nas cidades mais pobres e dar oportunidade de estudo aos mais jovens”, diz.

O empresário lembra que a maioria dos criminosos tem histórias tristes de vida. “Você não combate esse tipo de coisa com policial andando para lá e para cá. Tem que ir na fonte. Tem que dar educação e ocupar o tempo produtivo desses adolescentes”, clama.

Saiba Mais

Em todo o DF, entre os crimes violentos, o que mais teve redução em fevereiro foi o de tentativa de latrocínio (50%), seguido pela tentativa de homicídio (34,9%), por homicídio (12,5%) e por lesão corporal dolosa (8,5%). O governo ressaltou o índice de resolução de homicídios superior a 90%.

Além disso, houve crescimento das apreensões por tráfico de drogas (91,7%) e por porte ilegal de armas (20,5%).

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