Menu
Brasília

Greve das merendeiras agrava situação na rede pública de ensino

Arquivo Geral

03/03/2015 6h30

Após três semanas de atraso, entre adiamento e greve,  o ano letivo na rede pública de ensino do Distrito Federal, enfim, começou ontem. O primeiro dia de aula, no entanto, trouxe  uma preocupação a mais: a greve das merendeiras. O começo da semana também   foi marcado por  muita reclamação entre os estudantes, que terão as atividades acadêmicas prolongadas até depois do Natal. 

Reunidas em assembleia, as merendeiras, funcionárias terceirizadas, decidiram paralisar  as atividades  até que a empresa quite o pagamento das férias, tíquete alimentação e vale-transporte de janeiro e fevereiro para cerca de 800 trabalhadoras. Além destas, 655 recepcionistas  decidiram paralisar o atendimento   nos postos e hospitais públicos do DF.

De acordo com o Sindserviços, que representa as categorias, outras 500 merendeiras também das escolas públicas do DF, de outra empresa, optaram por aguardar o cumprimento do acordo firmado no Ministério Publico do Trabalho (MPT-10ª Região), na semana passada, mas estão em estado de greve. Elas tiveram a promessa de receber salário e benefícios atrasados ainda hoje. 

 Férias

O retorno tardio às salas de aula, consequentemente, adiou o fim do segundo semestre. Por causa das constantes mudanças nas datas, os pais também relatam dificuldades para programar o período de descanso da família. 

 Mesmo assim, pela manhã, alunos e professores deram início às atividades escolares normalmente e o mesmo aconteceu no período da tarde. Em frente ao Centro de Ensino Médio Elefante Branco (CEMEB), na 908 Sul, por exemplo, o empresário Daniel de Mattos, 44 anos, pai do estudante Vitor, 17, que está no 3º ano, comemorou o retorno do filho ao colégio. “Depois de tanto impasse entre o governo e os servidores, não esperava que as aulas, de fato, fossem começar hoje (ontem), o problema parecia não ter fim. Com certeza, esse atraso vai atrapalhar a programação do fim de ano”, afirma o empresário.

Hora de contabilizar prejuízos

Para a dona de casa Cássia Regina Siqueira de Matos, 33 anos, mãe do Pablo Henrique, 14, a situação é ainda pior. Enquanto aguardava o início das aulas do filho, no Centro Educacional Caseb, na 909 Sul, ela desabafou a respeito do atraso do ano letivo: “Desde o dia 23 de fevereiro que o transporte escolar  está pago, ou seja, perdi uma semana de dinheiro. Além disso, hoje (ontem), tive que trazê-lo, pois estou desacreditada e insegura com o início das aulas. É um descaso sem tamanho com a população”, lamenta. 

Cássia acrescenta   que não acredita na reposição das aulas perdidas. “Já fui professora e sei que, mesmo com o ano letivo começando sem atraso, o tempo já é muito curto. Além disso, não podemos esquecer que os alunos estavam parados há muito tempo e que até eles entrarem no ritmo de novo vai demorar um pouco, o que vai atrasar ainda mais o aprendizado”, completa ela, ressaltando a insatisfação com a previsão do fim das aulas para depois do Natal.

 “Nós íamos viajar nas férias do meio do ano, mas teremos que cancelar a programação. Não posso prejudicar ainda mais o Pablo. Acho que não teremos férias, inclusive, no fim do ano”, conclui. 

 Para a doméstica Girlene Dourado da Silva, 36 anos, mãe da Larissa, 15, que também aguardava ansiosa pelo início das aulas, é um absurdo os alunos terem que pagar pelo problema dos outros. “Nossos filhos serão os mais prejudicados dessa história”, afirma.

Docentes garantem reposição

O diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) Cláudio Antunes confirma a preocupação dos alunos, principalmente do Ensino Médio, com o atraso no término do ano letivo, mas garante que o problema não tem relação com a suspensão das atividades dos professores na semana passada. 

“O governo atrasou o início das aulas por causa das reformas nas escolas e foi essa mudança no calendário que transferiu o fim das atividades para depois do Natal, no dia 29 de dezembro. As aulas estavam marcadas para começar no dia 9 de fevereiro, mas o GDF adiou para o dia 23”, explica o diretor, ressaltando que, neste caso, não há mais o que se fazer. 

 Por outro lado, Antunes informa que as aulas perdidas em decorrência da suspensão das atividades da categoria serão repostas até o meio deste ano. Para isso, a comunidade escolar deverá utilizar os próximos recessos e sábados. “Essa semana, inclusive, teremos uma reunião com o secretário de Educação, Júlio Gregório, para definir isso. A nossa intenção é de que cada escola, dentro do limite, escolha a melhor maneira para repor a matéria até o meio do ano”, completa. 

 A diretora do Centro de Ensino Médio Elefante Branco (Cemeb), da Asa Sul, Joselma Ramos Mouta, afirma ainda que as escolas poderão enviar para a Secretaria de Educação um calendário proposto por cada unidade com a utilização dos dias móveis de dezembro para tentar antecipar o fim do ano letivo, caso essa seja a vontade do corpo acadêmico. “Como hoje (ontem) foi o primeiro dia, ainda não temos um calendário definitivo, mas isso deve acontecer ainda nesta semana, explicou.

Surpresa

Para as professoras de artes visuais e biologia do Centro de Ensino Médio Elefante Branco (Cemeb) da Asa Sul, Verônica Lima e Pollyanna Braz, respectivamente, o primeiro dia de aula foi surpreendente. “A frequência foi muito boa, mais de 50% dos alunos compareceram. Inclusive, foi melhor do que no primeiro dia de aula dos anos anteriores”, conta Verônica. Pollyanna também ficou satisfeita: “Hoje (ontem), minhas turmas tiveram uma média de 40 alunos “.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado