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Brasília

Página virtual disponibiliza registros que narram a trajetória do DF

Arquivo Geral

01/02/2015 8h00

Estão ali o diploma de Presidente da República de Juscelino Kubitschek, vídeos da posse de Costa e Silva, registros do primeiro Grande Circular e imagens aéreas da Catedral ainda em esqueleto. A página do Facebook Memória de Brasília, criada pelo jornalista Silvestre Gorgulho, ex-secretário de Cultura, surge como um Arquivo Público virtual reduzido e um meio de compartilhamento de documentos antigos sobre a capital.

“Você não pode preservar o que não conhece”, resume Silvestre, morador definitivo da cidade desde 1974. “Então quando você cria uma página dessas, disponibiliza as fotos e filmes para quem quiser ver. O cidadão termina de jantar, vai lá na página e curte o que tem ou vai na gaveta, acha uma foto e compartilha também. Você democratiza a história da cidade”, acredita o jornalista.

A iniciativa encontrou adeptos rapidamente. Criada em 22 de janeiro deste ano, a página tem mais de 1,3 mil seguidores. “O passado pode ter sido pesadelo ou sonho. Pode ter sido utopia ou realidade. Mas o passado é a melhor lição para o presente”, teoriza o criador, em postagem descritiva sobre o espaço.

Só relíquias

O Arquivo Público do DF passa por falta de verba e empenho administrativo dos próprios governantes – digitaliza seu acervo a passos de tartaruga, além de ter sido acondicionado em local provisório por mais de 25 anos. Bem diferente da página do Facebook, que é imune à ação do tempo. O registro digitalizado da primeira foto de Taguatinga, de 5 de junho de 1958, por exemplo, não tem como ser estragado, uma vez postado.

“Brasília virou um lugar complicado de se viver, pois tudo é muito negativo”, critica o colaborador e fotógrafo Orlando Brito, de 65 anos. “De repente, aparece a página que fala de coisas boas, históricas, e, mais interessante, nos permite comparar o ontem com hoje. Isso chama atenção das pessoas, pois elas ficam ávidas por mais”, acredita.

“Brasiliense nato”, como se define, Orlando chegou à capital federal em 1957, aos sete anos, e ainda se lembra de como o ideal imaginado para a cidade prezava a “perfeição”, “limpeza” e “leveza”. O fotógrafo acredita que ver documentos e fotos históricas pode trazer luz a discussões pontuais, como o “sitiamento” da capital. “O Dr. Oscar (Niemeyer), Lúcio (Costa) e Juscelino (Kubitschek) falavam do conceito de cidade livre, e Brasília está perdendo esse caráter”, reclama.

Patrimônio

Ele aponta as grades e cercas ao redor do Buriti, por exemplo, como agressões ao patrimônio e cita iniciativas como a construção dos lagos do Congresso e Palácio do Planalto como alternativas melhores para suprir as demandas por segurança. “Como as autoridades assumem os lugares que ocupam sem conhecer o projeto da cidade? Deviam ter mais zelo por uma cidade que é a capital da Esperança”, esbraveja o fotógrafo, lembrando-se da antiga alcunha de Brasília.

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