Desde fevereiro deste ano, 32 caminhões percorrem áreas urbanas e rurais do DF para fazer a coleta seletiva do lixo. Na teoria, os resíduos secos – papel, plástico, vidro e alumínio – devem ser descartados em lixeiras separadas das do lixo orgânico. Os vidros, por sua vez, embalados para evitar acidentes. Mas, na prática, o conceito ainda precisa ser aperfeiçoado para atingir os resultados esperados. Enquanto alguns se dizem adeptos da iniciativa, as cooperativas de triagem, em contrapartida, reclamam da quantidade de impurezas nos detritos. Do total recolhido, apenas uma parte é aproveitada.
A presidente da Central de Reciclagem do Varjão (CRV), Ana Carla Rodrigues, critica a qualidade do material recebido. De acordo com ela, a cooperativa recebe 40 toneladas de detritos por mês, mas apenas 50% deste montante é aproveitado. O restante, indica a dirigente, trata-se de lixo orgânico e é enviado ao Lixão da Estrutural. “Antes da coleta seletiva, nós ganhávamos mais do que o salário mínimo. Desde de fevereiro, é difícil conseguir R$ 500 por mês. Trabalhamos mais e ganhamos menos”, critica.
De acordo com Jorge Dias, gerente da Capital Reciclável, a coleta seletiva não é eficiente, pois as cooperativas perdem muito tempo na triagem do material. “A empresa tem dificuldade de comprar matéria-prima de qualidade para produzir produtos recicláveis”, critica.
Segundo o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), o objetivo de recolhimento para um ano, estipulado em fevereiro, está sendo cumprido. “A meta é atingir 10% de lixo seco nos primeiros 12 meses. Até agora, estamos com 9,6% de lixo seco recolhido e até fevereiro vamos atingir a meta de 10%”, explica.
O órgão afirma que o serviço funciona em todo o DF. “São coletadas 70 mil toneladas de resíduos por mês”, completa
População
O aposentado Jessé Barros, 66, mora na 105 Norte há 35 anos e aprova a coleta seletiva. No entanto, ressalta que o caminhão deveria passar três vezes por semana e não apenas duas, como acontece atualmente. “Aqui na quadra está funcionando muito bem. Todos os moradores do meu bloco colaboram com a separação”, relata.