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Brasília

Com má drenagem, Noroeste complica situação da Asa Norte

Arquivo Geral

20/12/2014 9h00

Depois das fortes chuvas dos últimos dias, que alagaram vias e culminaram em transtornos para moradores e comerciantes da Asa Norte, a Defesa Civil mapeou o caminho das águas e constatou: o Setor Noroeste complicou ainda mais a situação do sistema de drenagem atual, que está subdimensionado, abaixo da capacidade ideal para conter a grande vazão.

O JBr. acompanhou o mapeamento  comandado pelo coronel Sérgio Bezerra. A equipe da Defesa Civil seguiu o caminho contrário aos alagamentos. Nesse percurso, foi possível identificar toda a trajetória da água que preocupou o brasiliense nesta semana. 

  Bezerra lembra que a Asa Norte está situada em uma região mais baixa, e, em razão disso, a água escorre para a área. Locais topograficamente mais altos, como o Noroeste e o Setor de Garagens e Oficinas, despejam água na bacia de contenção –   que absorve a água e a direciona para o sistema pluvial -, que fica entre a Asa Norte e o Noroeste. Mas o reservatório não suporta a   quantidade de água. 

“Há uma grande contribuição do sistema Noroeste para os problemas das quadras 10 e 11  Norte. Mas a bacia está subdimensionada, ou seja, suporta   quantidade de água inferior à necessária, em função das fortes    chuvas dos últimos dias”, explica o coronel.

Lixo

Por causa da sobrecarga na bacia, a água ultrapassa a contenção e corre fora do sistema pluvial, sobre o asfalto. Durante o percurso, terra e lixo se acumulam e são jogados na Asa Norte. De acordo com Sérgio Bezerra, a vegetação destruída e os buracos comprovam o caminho da água, que percorreu cerca de dois quilômetros em linha reta: “A grama está alinhada no sentido Asa Norte e há trechos de erosão. A bacia não está suportando o volume de água que desce. É muito rasa”.

Bueiros também são problema
 
No começo da Asa Norte, o caminho da água da chuva é outro e não tem relação com o problema da captação do reservatório, mas    com a drenagem da água pelos bueiros. “Na 402 Norte, a água desce do Estádio Nacional Mané Garrincha, passa pela 102, 202, até chegar à 402. Ali o sistema de drenagem também está subdimensionado”, aponta o coronel Sérgio Bezerra, da Defesa Civil. 
 
Após analisar o caminho das águas da chuva, a pasta irá comunicar outras áreas do governo a respeito da necessidade de melhorias nos sistemas de captação da capital federal. 
“A recomendação da Defesa Civil é que aprofundem a bacia para minimizar os problemas. Além de redimensionar todo o sistema de drenagem da água da chuva”, completa Sérgio Bezerra.
 
 Caos continua
 
Três dias depois de uma   enchente na Asa Norte,  locais afetados pela grande quantidade de água  ainda apresentavam   rastros de  destruição.  Entre os incontáveis danos, prédios tiveram os estacionamentos subterrâneos inundados, estabelecimentos comerciais foram destruídos, uma galeria ficou alagada, carros tiveram perda total e   uma calçada cedeu.
 
Garagens e comércio inundados
 
Na   402  Norte, os blocos F e G  tiveram  as garagens   inundadas. O reflexo dessa enchente  foi um grande prejuízo, noticiado pelo JBr. na última quinta-feira. Naquele dia, um carro foi arrastado pelas forças da água e danificou o portão do prédio. 
 
A altura da água nesses edifícios se aproximou de quatro metros. As paredes, o chão,   carros e bicicletas foram tomados por barro e restos de plantas.  De acordo com o porteiro do Bloco F  Francisco José, 73 anos, a   garagem ainda   toda desativada. 
“A água já foi tirada, mas tem muita lama. Quando eu vi a quantidade chuva, fiquei desesperado. A sorte foi que a água da garagem saiu pelo outro lado”, relata José.
 
311  
 
Na comercial da 311 Norte, a força da água levou   parte da calçada. Uma grande quantidade de lama ocupou o espaço destinado  aos clientes. A galeria inundou e o prejuízo, até o momento, é incalculável. Os comerciantes estão revoltados com a situação.
 
Clientes, empresários e empregados juntaram as forças e fizeram um mutirão para tentar contornar a situação dos comércios. De acordo com o empresário Rodrigo Branco, 40 anos, cerca de cem pessoas fizeram a retirada da lama, que resultou em quatro contêineres cheios e mais de 300 sacos.
 
 “Colocamos os sacos aqui na frente, para tentar conter a água das próximas chuvas. Dentro das lojas tinha quase um metro de lama. Aqui é uma tragédia, sempre que chove alaga”, reclama Branco.
 
511  
 
Uma academia da 511 Norte  ficou completamente destruída. A dona, Flávia Almeida, 43 anos, estima  um  prejuízo   superior a R$ 1 milhão. “Precisaremos de pelo menos dez dias para voltar  a funcionar. Espero que os nossos dois mil alunos entendam o problema. A inundação pode afetar a nossa imagem”, teme a empresária.

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