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Brasília

Multa não inibe motoristas ao falarem no celular no trânsito

Arquivo Geral

09/12/2014 7h40

Apesar de resultar em multa de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira, dirigir falando ao celular ou com fones de ouvido conectados ao aparelho é hábito entre os motoristas brasilienses. De janeiro a agosto deste ano, foram registradas 33,7 mil notificações dessa natureza. Um aumento de 4,9% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizadas 32,1 mil autuações com base no mesmo artigo. O total de multas no DF também apresentou leve acréscimo. De janeiro a agosto de 2013 foram 1,67 milhão de notificações, contra 1,68 milhão em 2014. 

O Código de Trânsito, no entanto, não prevê penalidade para quem utiliza a tecnologia bluetooth, que permite comunicação a distância com o telefone celular do condutor, por meio do sistema de som. “É um sistema excelente, pois o motorista pode falar ao telefone sem tirar as mãos do volante. É o mesmo que conversar com uma pessoa dentro do carro”, acredita a motorista de van escolar Edvanir Gomes, 38.  

Conduta reprovada

Mas especialistas em educação no trânsito discordam e acreditam que essa tecnologia também provoca distração no condutor. “Falar ao dirigir tira a atenção do motorista, por mais que esteja com as mãos livres. Esse tipo de equipamento não é recomendado porque permite burlar a lei”, alega David Duarte, especialista em trânsito da Universidade de Brasília (UnB). 

Para Duarte, apesar de crescente, o número de multas divulgado pelo Departamento de Trânsito  (Detran) não reflete a realidade das ruas. “Um estudo da Universidade de Brasília revela que, a cada dez mil motoristas que falam ao celular, somente um é flagrado pela fiscalização. Falta uma atuação mais rigorosa dos órgãos competentes, além de campanhas educativas”, adverte. 

Campo de visão reduzido
 
A especialista em segurança urbana  Carla Valéria  alerta que o ato de prestar atenção no celular pode reduzir em até 95% o campo de visão do condutor, aumentando significativamente o risco de acidentes. “É como se o motorista estivesse dirigindo com olhos vendados. As pessoas ainda não perceberam o quanto isso é grave”, frisa. “A irresponsabilidade faz do veículo uma arma. Se a ligação é muito importante, encoste e atenda”, orienta.  
 
Manoel José, de 40 anos, é taxista há 12 anos. Ele admite os riscos de usar o celular enquanto se dirige. “Eu uso o  bluetooth e não vejo problemas. Mas tenho colegas que continuam atendendo o celular enquanto estão na direção, um risco para eles, para os passageiros e para os outros motoristas”, destaca. 
motociclistas
O motoboy Gildásio Gomes, 36, acredita que direção e celular são  incompatíveis. “Já vi colegas utilizando o celular por dentro do capacete, o que é um absurdo! Quando preciso fazer uma ligação ou atender, paro no acostamento. Se tirarmos a mão do guidão para mexer no celular, corremos o risco de perder o controle da moto”, conclui.
 

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