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Brasília

Expansão do Aeroporto JK causa polêmica entre moradores do Park Way

Arquivo Geral

05/12/2014 15h16

O primeiro pilar erguido para as obras de expansão do Setor de Concessionárias, nas proximidades do Aeroporto JK, foi o da polêmica. Antes mesmo de o projeto ter sido aprovado pelo governo, moradores do Park Way questionam a ideia do Consórcio Inframérica de “turbinar” o comércio do perímetro  e construir um centro empresarial, um hotel e estabelecimentos com destinação ainda não definida.

“Chamar aquela área de setor dá a impressão de que existe um planejamento e que ali foi instalada uma estrutura específica. Aquilo é uma área, até determinado ponto, da União”, afirma o presidente da Associação Comunitária dos Proprietários de Lotes do Park Way (ACPW), Ricardo Valle. “O terreno era da Infraero e, há anos, ela resolveu utilizar para exploração comercial como forma de aumentar a receita”, contextualiza.

Sua principal dúvida é a respeito de que tipo de negócios será tratado no novo espaço, ainda sem previsão de ser construído. “Colocamos uma série de questionamentos, mas não houve resposta que satisfizesse a todos. Até hoje não tivemos acesso ao Relatório de Impacto de Trânsito (RIT)”, exemplifica. Segundo Ricardo, houve três reuniões, uma delas em formato de oficina participativa, envolvendo representantes da Inframérica e lideranças comunitárias, desde 2013.

Andamento

A Administração do Park Way diz que, por enquanto, não existe comunicado sobre obras no terreno atrás do chamado Setor Concessionárias, no trecho entre a pista do aeroporto e a Quadra 14. O Instituto Brasília Ambiental, no entanto, afirma já ter recebido   Relatório de Impacto de Vizinhança (RIV) relativo à expansão, ainda em análise.

“Apresentaram apenas um croqui. Pouca gente sabe o que está acontecendo”, afirma a administradora em gestão de negócios  Gilma Rodrigues Ferreira, 53 anos. Moradora da Quadra 15, ela reclama que as reuniões  foram pouco esclarecedoras. “O Park Way tem sensibilidade ambiental muito grande. Nem comércio existe aqui porque está dentro de uma Área de Preservação Ambiental (APA)”, lembra.

Pedido por transparência

Para a moradora Gilma Rodrigues Ferreira,  a principal cobrança é por  clareza nas informações. “Queremos que nos informem: ‘olha, aqui vai ser um shopping com tantos andares’ ou algo assim, mas nem isso sabemos. Há rumores até sobre a construção de um outlet”.

Pérsia Almeida, aposentada de 50 anos e moradora da Quadra 17, é a favor de qualquer tipo de comércio que abasteça o bairro, mas tem uma preocupação em especial: a mobilidade. “O Park Way só tem uma entrada e saída, passando pelo balão do aeroporto. Se   construírem  o que está previsto, aumentará o número de pessoas que tem como destino o aeroporto. Quem mora aqui pode sofrer”, reclama.

O Relatório de Impacto de Trânsito (RIT), portanto, seria fundamental para elucidar essas questões. De acordo com o Ibram, nenhum documento do tipo foi entregue a eles. O instituto ressaltou, porém, que o Departamento de Trânsito (Detran-DF) e Departamento de Estradas de Rodagem (DER) são os que costumeiramente recebem esses papéis. Questionados, nenhum deles respondeu até o fechamento desta matéria.

Versão oficial

A Inframérica informou que as reuniões com as lideranças locais “foram informadas ao órgão ambiental (Ibram) e os relatórios mostram  que nenhuma pergunta das comunidades ficou sem resposta”. O consórcio confirmou, ainda, que a expansão servirá para “implantação de serviços de hotelaria, comércio local, espaços corporativos e outros serviços de apoio à operação do aeroporto”.

Saiba mais

O Park Way está contido na Área de Perservação Ambiental Gama-Cabeça de Viado. Diversas afluentes existentes no região se ligam à bacia do Lago Paranoá. Apesar disso, o terreno do chamado perímetro aeroportuário apenas faria divisa com a APA, sem transgredi-la.

A ACPW reclama sobre a questão da mobilidade, pois afirma que a construção do BRT não trouxe qualquer benefício à região. As obras do balão do aeroporto teriam apenas dificultado o trânsito na região. Com isso, a existência de outros meios para deixar o bairro seria uma das contrapartidas principais cobradas junto à Inframérica para construir a expansão.

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