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Brasília

Falta de estrutura e violência fazem escola de Samambaia pedir socorro

Arquivo Geral

23/11/2014 10h03

“É uma escola feita de puxadinhos. Onde era o pátio, tivemos que improvisar um refeitório. Todo dia aparece uma dificuldade nova, mas quem trabalha com educação não pode perder a esperança”, desabafa o coordenador pedagógico do Centro de Ensino Fundamental 507 de Samambaia, Walter Santos Alves, durante audiência pública na instituição. A iniciativa é do Ministério Público, que convocou o corpo docente, familiares e o Batalhão Escolar para discutir os problemas.

Entre eles, câmeras de segurança e ventiladores quebrados; salas pichadas e com as janelas e portas depredadas; laboratório de informática fechado pela defasagem dos computadores e quadras destruídas. Mais do que isso, o centro coleciona uma lista de problemas com violência ao redor e dentro do local, que impressiona pela quantidade de cadeados na entrada das classes para tentar evitar o vandalismo.

A ausência dos pais na vida escolar dos filhos e os constantes episódios de desacato foram destacados pelo diretor do CEF 507, Elisson Pereira dos Santos. “Os professores enfrentam uma batalha diária para tentar ensinar uma comunidade que está com a autoestima reduzida. A pequena participação das famílias pode ser reflexo desse desânimo. Essa audiência, por exemplo, foi divulgada em todos os cantos e, mesmo assim, poucos estão presentes”.

Ele diz que o fato de o aluno chegar para a aula em segurança já é motivo de comemoração: “Quase todos os dias, um estudante conta que foi roubado. E às vezes tenho que pedir licença aos usuários de droga na porta do colégio”.

Pais e aluinos amendrontados

A audiência pública no CEF 507 de Samambaia Sul colocou em debate diagnósticos do inquérito civil instaurado tanto pelo Ministério Público Federal (MPF) quanto pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPFDT), em maio deste ano.

A investigação analisa as condições das ofertas de ensino nas escolas públicas que alcançaram o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) abaixo do ideal nas últimas avaliações. O CEF 507, por exemplo, atingiu Ideb de 3,9 em 2013.

Haverá audiências ainda neste ano em Planaltina e Taguatinga. No ano que vem, no Itapoã e Paranoá.

A audiência não contou com a presença de muitos pais, mas quem compareceu fez questão de expor suas frustrações, como a dona de casa Shirlane da Silva Ferreira do Carmo, 33 anos, mãe da Vanessa, 12. Segundo ela, a filha é estudiosa, mas pede para não ir à escola com medo da violência. “Fomos ameaçadas com revólver e faca perto do colégio. Os ladrões levaram meu celular e deixaram uma sensação de insegurança aterrorizante”, diz.

Pelo mesmo motivo, a dona de casa Ita Maria Nascimento, 49, faz questão de acompanhar o neto Matheus, 11, todos os dias. “Além dele, meus filhos estudaram aqui, os problemas são antigos. Drogas e violência parecem ser liberadas, por isso, acredito que só passando com um trator por cima do colégio para resolver”, afirma.

Segundo a procuradora da República Luciana Loureiro Oliveira, tudo o que foi discutido será avaliado e encaminhado à Secretaria de Educação. “Esse primeiro momento é um diagnóstico da situação. Em seguida, vamos procurar soluções”, afirma Luciana. A secretaria diz que vai analisar possíveis medidas depois que receber o relatório.

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