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Brasília

Site chinês: suspeita de trabalho escravo está sob investigação

Arquivo Geral

28/10/2014 7h20

“Se um vendedor for encontrado utilizando práticas proibidas de contratação de mão de obra, ele será investigado e denunciado às autoridades”. Depois da consumidora Sandra Miranda, de Águas Claras,  receber um pedido de socorro junto com sua encomenda do site chinês AliExpress, a empresa, do Grupo Alibaba, se pronunciou sobre o assunto e foi contundente: “Proibimos o anúncio de produtos que encorajam atividades ilegais”. 
 
O JBr. mostrou o caso no último sábado. A brasiliense encontrou um bilhete escrito em inglês “Eu (sou) escravo. Ajude-me”. Ontem, o Grupo Alibaba fez questão ainda de salientar que a AliExpress é uma plataforma de conteúdo criado pelo usuário. Ou seja, não produz, vende ou envia diretamente os produtos. Porém, ressalta: “Nós temos condições de investigar suspeitas contra os vendedores listados na nossa plataforma”. E  avisa: casos parecidos com o que aconteceu com Sandra já foram investigados antes. 
 
A consumidora, porém, disse   ao JBr. que não recebeu qualquer retorno sobre a denúncia. De acordo com ela, o melhor modo que encontrou de chamar atenção para o problema do trabalho escravo foi recorrer aos meios de comunicação. Assim que abriu o pacote, ela enviou a imagem do bilhete à filha, que mora em São Paulo. Foi a jovem quem colocou a foto nas redes sociais e pediu à imprensa para divulgar o acontecido. 
 
 “Acho que grande parte da  mulherada conhece o site chinês AliExpress, onde costumamos achar roupas e acessórios a preços irrecusáveis. Pois é, hoje   minha mãe   recebeu sua encomenda e, ao abrir, estava esse bilhete de socorro. Meu coração se aperta e lágrimas descem ao ver que do outro lado do mundo, neste exato momento, existe alguém sendo escravizado, torturado e sabe-se lá o que mais”, diz o texto, ao lado da foto, compartilhado por mais de 15 mil pessoas no Facebook. 
 
Sandra diz que não vai mais comprar no site. “Não. De jeito nenhum. Eu me sentiria cooperando com este tipo de crime”, disse a advogada, um dia depois de abrir o pacote e ler o bilhete.
 
O que fazer nestes casos
 
A atitude da consumidora de denunciar o caso, explica o advogado Renan Silva Cardoso, especialista em direito internacional, foi a melhor opção. “Por várias dificuldades burocráticas, a divulgação do que aconteceu, ainda é a melhor opção. Apesar de não ensejar constrangimento legal, existe o constrangimento moral e isso reflete na imagem da empresa. Isso cria uma mobilização social para que a empresa se manifeste”, afirmou.
 
 Outra opção de denúncia, porém com caminhos mais longos, indica o advogado, é buscar o apoio de órgãos como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). “Com relação à responsabilidade criminal, o jeito é buscar as autoridades que tratam da questão do trabalho escravo. É muito difícil rastrear  e ver onde isso aconteceu. Porém, como consumidora, ela pode também entrar em contato direto com a empresa e solicitar esclarecimentos”, explica.
 
Sandra Miranda afirmou que uma advogada, conhecida sua, buscaria esclarecimentos junto ao Itamaraty. A reportagem chegou a pedir esclarecimentos ao ministério, que não respondeu até o fechamento desta edição. Entre os questionamentos, estava a dúvida se eles teriam recebido a denúncia.   Já a ONU e a OIT   não atenderam os telefonemas.  
 
Saiba mais
 
A mão de obra barata é um dos motores para o crescimento da economia  na China. Pesquisas conduzidas por entidades de direitos humanos mostram que a exploração de mulheres para confeccionar produtos vem crescendo no país devido aos custos, que são muito menores que o de outros países. 
 
Os imigrantes ilegais e o número de habitantes também incham a oferta de trabalho.
 
 

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