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Brasília

Suspeita de ebola não passou de um susto

Arquivo Geral

24/10/2014 6h50

Para o alívio do brasiliense, o primeiro caso suspeito de ebola no Distrito Federal não se confirmou, tão logo foi anunciado. O paciente era um comissário de bordo  de 23 anos, natural do Panamá. Ele deu entrada na emergência do Hospital Santa Lúcia (HSL), no Setor Hospitalar Sul,   por volta das 4h50 de ontem. 

O homem teve febre e diarreia, sintomas similares aos apresentados por pacientes com ebola. Em razão do grau de letalidade do vírus, o HSL iniciou o protocolo de segurança recomendado pelo Ministério da Saúde e isolou a área por cerca de duas horas. Vários exames foram feitos e, quatro horas após o início dos procedimentos, a suspeita foi descartada. Segundo os médicos, o homem estava apenas com infecção alimentar. Ele recebeu alta às 11h30.

O comissário apresentou os sintomas ainda no Aeroporto Juscelino Kubitschek, após voltar de uma jantar. Ele foi atendido pela equipe médica do local, que descartou a suspeita de ebola. Ainda assim, o homem ficou preocupado  e foi levado por um colega de trabalho ao hospital. Ali, ele foi atendido por um médico, dois enfermeiros e dois auxiliares de enfermagem. Após a avaliação preliminar, a equipe optou pelo isolamento da área e as autoridades  foram acionadas.

Tensão  

Uma funcionária do hospital, que não quis se identificar, estava trabalhando no momento do isolamento. Ela explicou que todos levaram um susto com os procedimentos para a entrada do paciente, ainda na emergência do hospital. “Todos os setores foram fechados, quem estava no hospital ficou preso e ninguém podia entrar ou sair”, conta

Do lado de fora, funcionários que estavam para entrar no serviço aguardavam o desenrolar do caso. “Recebemos a informação de que não poderíamos entrar no hospital”, afirmou um profissional.

O infectologista José Luiz Urbaez, do Hospital Santa Lúcia, explica que em casos de suspeita de ebola as autoridades competentes – Ministério da Saúde, Secretaria de Saúde e Vigilância Sanitária – são acionadas e assumem a situação de risco. “Nós não temos que ter equipamentos de proteção individual  aqui, porque não vamos entrar em contato com o paciente. Ele vai ser apenas isolado até a chegada do Centro de Referencia Nacional – no Distrito Federal é o Hospital Regional da Asa Norte -, que manipulará tudo isso”, informa.

Medida de segurança deve ser usada sempre
 
O diretor da Clínica Médica do Hospital Santa Luzia, André Sales Braga, esclareceu que os últimos acontecimentos não passaram de um susto. A medida emergencial foi tomada para que, caso a suspeita fosse confirmada, o vírus não se espalhasse pelo Distrito Federal.  “Se o paciente tem um sintoma semelhante, ele tem que ser submetido ao protocolo existente, uma medida de segurança para que não ocorra um epidemia. Toda a área que ele teve contato foi isolada”, afirma.
 
Segundo o médico, é preciso prestar atenção em todos que passaram ou tiveram  contato com pessoas de áreas próximas às epidemias – Serra Leoa, Guiné e Libéria. “A pessoa que apresenta febre e teve contato com alguém de um país da Africa deve procurar as autoridades de controle. O único risco de contágio do ebola é por um contato mais intimo – mucosa, saliva, sangue, entre outros -, mas como se trata de uma doença letal todo mundo fica com medo”, explica.
 
Precaução
 
Segundo a  Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) não há risco no caso do comissário de bordo. Mas, mesmo assim, indica a pasta, todos os procedimentos recomendados foram feitos. “O homem reside no Panamá e não apresenta todos os sintomas, não passou por locais de transmissão da doença e não teve contato com possíveis pessoas infectadas. Apesar da suspeita, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) e a Secretaria de Saúde do DF foram notificados”, disse a pasta. 
 
Por volta das 10h de ontem, o Ministério da Saúde emitiu uma nota descartando a suspeita de ebola em Brasília. “O Ministério acompanhou todos os procedimentos adotados pelas autoridades sanitárias do Distrito Federal. A unidade hospitalar já foi liberada para atendimento”, informou o órgão.
 
A Inframérica, responsável pelo Aeroporto de Brasília, explicou que o atendimento seguiu todas diretrizes previstas no protocolo internacional. “Todos os protocolos de segurança e entrevista foram realizados por nossa equipe médica, que está preparada e treinada para atender pacientes com suspeita do vírus”, afirmou. De acordo com o órgão, a doença foi descartada pela equipe médica do hospital. “O comissário foi encaminhado para um hospital particular da Asa Sul pela própria companhia aérea em que trabalha”, frisa.
 
O Brasil registrou a primeira suspeita da doença quando um guineano deu entrada em uma UPA no interior do Paraná, no último dia 9.
 
Saiba mais
 
O primeiro caso do ebola aconteceu em 1976, nas proximidades do Rio Ebola – localizado no Congo (África). Em razão da proximidade com o afluente, o vírus recebeu esse nome. Ainda nesse ano, cientistas conseguiram isolar o vírus em laboratório pela primeira vez.
 
 

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