Salas de aula sem ventilação, carteiras quebradas, bebedouros insuficientes e muita reclamação. Segundo alunos da Universidade de Brasília (UnB), faltam investimentos na infraestrutura do campus Darcy Ribeiro. Apesar de passar por algumas reformas, a área de 505 mil m² ainda está longe de ser o cenário ideal para os mais de 43 mil acadêmicos.
“Parte da estrutura é bem largada mesmo e é uma burocracia enorme conseguir pelo menos relatar esses problemas à reitoria. O arejamento das salas, principalmente anfiteatros, é insuportável. Há pouco tempo, não tinha bebedouro na faculdade de Direito. Eles colocaram uns dias antes da avaliação do MEC”, reclama Lucas Lino, 20 anos, estudante de Direito.
A maior parte dos anfiteatros da universidade até possui ar-condicionado, mas os alunos não sabem explicar o motivo de eles não serem ligados durante as aulas. “A maioria das salas da Ala Norte têm os aparelhos de ar, mas parece que estão estragados. Aqui, na Ala Sul, é pior. As salas são mais largadas”, diz Camila Gabriela, 18 anos.
Alguns anfiteatros da instituição receberam cadeiras e mesas novas, porém, elas já estão quebradas. O que, segundo Camila, é também resultado da ação dos próprios alunos. “Não dá para dizer que tudo o que está quebrado é culpa de aluno, claro. Mas, por exemplo, as mesas das salas, o pessoal não cuida. Falta limite para algumas pessoas”, diz.
Iluminação
Outra reclamação é em relação às luzes queimadas nas salas. “Na semana passada, um amigo foi apresentar um trabalho e bem na hora faltou luz”, conta Vinicius Bonfim, 18 anos.
Formado em Direito pela universidade, Vitor Magalhães, 23, afirma ainda que, mesmo na ala do curso que passou por reformas, ainda não existe uma sala de extensão. “Tem 32 salas de professores, mas não tem nenhuma de extensão. Eu era representante do Centro Acadêmico e não deu em nada a nossa reclamação”, critica.
A reportagem procurou a reitoria da UnB para saber quanto foi investido na infraestrutura neste ano, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.
As universidades federais são constituídas sob a forma de autarquias ou fundações públicas. Por isso, elas possuem autonomia financeira para decidir como a verba será investida.
Ponto de vista
Segundo o especialista em gestão pública José Matias-Pereira, a falta de infraestrutura na Universidade de Brasília é resultado dos poucos recursos repassados pelo Governo Federal. “Fato é que o volume de investimentos para universidades federais é cada vez menor”, diz. Para ele, a UnB é “razoavelmente bem equipada, e, em um primeiro momento, isso não deve afetar o aprendizado dos alunos, mas a longo prazo, isso vai acontecer”.
“Eu me preocupo, especialmente, com aqueles cursos que envolvem laboratórios. Eles precisam de uma estrutura mais bem equipada”, ressalta. Por isso, afirma, “diante deste cenário, é importante que os reitores, docentes e estudantes comecem a discutir e cobrar dos governantes mais investimentos nas universidades públicas”, conclui.
