Já que a chuva não chega, o jeito é tentar amenizar o calor. Foi pensando assim que o diretor do Centro de Ensino Médio 404, de Santa Maria, conseguiu controlar os efeitos da estiagem dentro das salas de aula. Há dois meses, ele implementou na escola o chamado Sistema de Umidificação Aéreo (SUA). A ideia consiste, basicamente, em colocar mangueiras de irrigação em cima dos tetos para que a água goteje e torne o ar mais úmido.
“É simples e custou menos de R$ 200. Comprei 160 metros de mangueira e mandei instalar”, conta Ricardo Rocha. Ele explica ainda que a técnica é a mesma da irrigação de plantas. “A água passa pelos furinhos da mangueira e os pingos vão caindo no chão aos poucos. Isso dispersa a água e ela umidifica o ar”, detalha o docente. Além disso, garante, “é uma forma econômica de melhor as condições da umidade, porque as mangueiras perfuradas controlam o uso da água”.
Mais agradáveis
Professores e alunos da escola elogiam a ideia e destacam que as aulas ficaram muito mais agradáveis depois da implantação do sistema. “Antes disso, era mais desgastante assistir às aulas e difícil conseguir ficar concentrado, porque a gente queria se livrar da sensação de calor o tempo todo. E como o teto da sala é de zinco, esquenta mais do que o normal”, diz o estudante Valter Martins, de 17 anos.
Assim como ele, a jovem Juliana Maria Alves, também de 17 anos, celebra a iniciativa e reconhece: “O calor deste ano está fora do normal”. Por isso, salienta, “se não fosse o novo sistema criado, talvez, a gente não tivesse condições de ficar dentro de sala normalmente”. Ela afirma que, antes da implementação do projeto, “em determinadas horas do dia, como das 14h às 16h, ficava tão abafado que todos começavam a suar e reclamar juntos”.
Segundo o professor de filosofia, Marreiros Filho, “na feira de ciências, os alunos ficaram empolgados e começaram a surgir mais projetos simples de umidificação do ar”. Para ele, “a ideia foi fundamental para aumentar o rendimento, tanto dos docentes quanto dos estudantes”.
Outro aluno, Gabriel Barbosa, 20 anos, salienta que “justamente pelo clima deste ano estar pior, o sistema veio para ajudá-los a ter um ar respirável dentro de sala”, lembra. “A gente já tinha ventiladores, então nem falo muito pelo calor. O negócio é realmente a questão da umidade, porque estava ficando insuportável mesmo. Com essa ideia, o ar se renova e ainda ajuda a molhar as plantas, porque a água que pinga cai bem perto delas”, conta.
Apesar do sucesso dentro da escola, o diretor Ricardo afirma que ainda não levou a ideia até a Secretaria de Educação. “Foi uma coisa muito interna mesmo. Conversando com outros diretores daqui das escolas de Santa Maria, vimos que era possível tornar as salas de aula menos quentes. Por enquanto, ainda não pensamos em torná-la uma coisa maior”, ressalta.