O tabagismo é um vício que atinge todas as camadas sociais do mundo. No Distrito Federal, não seria diferente e cerca de 300 mil brasilienses são dependentes do cigarro, ou seja, 10,34% da população. Em razão da grande quantidade de fumantes, foi criado o Dia Nacional de Combate ao Tabagismo, que é comemorado no dia 29 de agosto. A média de óbitos por dia no DF é de oito pessoas nos centros hospitalares.
O morador do Gama Marcelo Henrique, de 22 anos, trabalha como vendedor. Ele relata a dependência e a necessidade que o cigarro cria em sua vida. “O vício é muito grande. Quando estou nervoso, tenho que fumar pra relaxar”, conta.
Conscientização
Para lembrar a data, muito importante para a mudança da realidade de saúde brasileira, a Secretaria de Saúde (SES-DF) realizará, hoje, um evento na Estação Central do Metrô, na Rodoviária do Plano Piloto, das 8h30 até as 12h30.
O intuito da ação é sensibilizar os usuários quanto aos riscos que o tabaco pode causar e ajudá-los no tratamento.
O Núcleo de Controle ao Tabagismo, da SES-DF, informou que realizará diversos testes nas pessoas que forem à estação de Metrô e também serão realizadas campanhas educativas. “Além de aferir pressão e glicemia, vamos verificar o teor de monóxido de carbono nas pessoas. Com isto podemos verificar o dano do cigarro na corrente sanguínea”, explica o médico Celso Rodrigues, coordenador do Núcleo.
Qualidade de vida
A aposentada Vera Almeida, moradora do Guará I, de 51 anos, fumou por 20 anos em sua vida, mas há 12 conseguiu largar o vício. “Desde que parei de fumar tudo mudou. O paladar, o olfato, a pele e até a disposição para fazer as coisas do dia dia. Se soubesse que era tão bom parar de fumar, teria largado o vício bem antes”, desabafa.
No País há 20 milhões de fumantes (9,89% do total da população). São cerca de 200 mil mortes por ano (23 pessoas por hora) por causa do cigarro, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Prejuízos graves à saúde
O hábito de fumar produz vários riscos à saúde, como, por exemplo, a fragilidade no sistema cardiovascular – infarto, complicações no sistema respiratório, derrame cerebral, doenças crônicas –, além de cânceres de boca e de pulmão.
Segundo o médico Celso Rodrigues, o fumante que escolhe largar o tabagismo consegue ter uma melhora significativa já nos primeiros dias sem o hábito nocivo. Mas só em dez anos a pessoa está completamente livre dos efeitos colaterais das substâncias do cigarro.
“Quando a pessoa para de fumar, ela sente a melhora nas primeiras 48 horas, no sistema respiratório e cardíaco. Em cerca de cinco anos, os riscos de infarto e derrame, provocados pelo tabaco, acabam. E após dez anos sem fumar, os riscos do câncer, provocado pelo fumo, terminam”, contextualiza o coordenador do Núcleo de Controle ao Tabagismo, da Secretaria de Saúde.
Campanhas contra o fumo dão resultado
A Secretaria de Saúde (SES-DF) realiza campanhas educativas desde 1996. A diminuição na quantidade de fumantes é surpreendente. Há 28 anos, a população era de 1.821.946 habitantes. Desse montante 36% fumavam, ou seja, 655.901 pessoas. Já em 2014, a população é de cerca de 2,9 milhões e uma em cada dez pessoas fuma.
Nesses quase 30 anos, a população do DF cresceu cerca de 59%. Entretanto o número de fumantes reduziu 45,73%. Se a mesma estatística de 1996 fosse a realidade dos dias de hoje, teríamos cerca de 1,044 milhão de fumantes.
De acordo com o Núcleo de Combate ao Tabagismo da SES-DF, há um imenso progresso no trabalho educativo de redução na quantidade de fumantes na capital federal.
Dados do Programa de Controle do Tabagismo e outros Fatores de Risco de Câncer no DF mostram que até 2013 mais de 15.593 fumantes iniciaram tratamento nos centros de saúde da rede pública para abandonar o cigarro. Desse total, cerca 68% (10.603 usuários) pararam de fumar.
“Uma grande decisão”
Para a advogada Raquel Aguiar, de 25 anos, moradora do Setor de Mansões do Lago Norte, ter largado o vício foi extremamente importante. “Senti muitas diferenças quando parei de fumar, mas dei uma engordadinha. Porém, minha pele, meu apetite, meu sono melhoraram consideravelmente. Essa foi uma grande decisão”, relata.