Dona Maria Lúcia da Silva, aposentada de 51 anos, pega ônibus quatro vezes por semana, a maioria das vezes para resolver assuntos na Asa Sul. Desde o início de julho, ela admite que ir às paradas ficou mais divertido, especialmente devido às obras de arte que ilustram as paredes. “As cores ficaram muito bonitas. Adoro flores”, encanta-se ela, observando uma das fotografias.
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Desde o mês passado, 20 paradas de ônibus do Cruzeiro se tornaram parte de uma galeria de arte chamado Corabrigo, iniciativa da administração regional. Para compor o acervo de imagens, foram visitados ateliês de artistas locais para registrar fotograficamente as obras em alta resolução. No começo, foram feitas pinturas a óleo, rapidamente deterioradas, e agora é feita a impressão em lona com alto brilho.
“Essas plantas me chamaram atenção. Elas dão mais tranquilidade para a gente”, diz Maria Lúcia, enquanto aguarda seu transporte. “Ficou até mais agradável pegar ônibus, porque antigamente não tinha nada para olhar”, completou a aposentada. O resultado agradou tanto, que a aposentada confessou o desejo de ver a mesma coisa nas paradas da Asa Sul.
Quem utiliza as paradas “pós-Niemeyer”, ou seja, as de vidro, infelizmente, não deve poder ser contemplado com obras de arte tão cedo. Segundo o administrador do Cruzeiro, Zaldo Borges, os 14 pontos na cidade dificilmente sofrerão intervenção artística. “Por isso os moradores gostam mais das antigas”, finaliza, com bom humor, Zaldo.
Dignas de aplausos
Para o técnico em informática Maurício Calderón, 34 anos, a decoração das paradas foi considerada fantástica. “Me pareceu uma iniciativa muito interessante. Me sinto contente nesta parada, mais respeitado”, filosofou. Morador de Ceilândia, ele falou que a diferença entre as paradas de uma cidade e outra são gritantes.
“Gostaria que fosse assim também no P Norte, P Sul. Temos que ter conforto. Esse incentivo à cultura é uma maneira de alegrar o dia das pessoas”, afirmou. O técnico avaliou, ainda, que esse tipo de ideia pode melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. “Já é alguma coisa com que se alegrar”, disse.
O idealizador Zaldo Borges admite que a ideia veio de quando trabalhava para o GDF. Na década de 1990, ele conta que artistas plásticos de Sobradinho tiveram a mesma iniciativa e, ao se tornar administrador do Cruzeiro, lembrou-se deles para sugerir a mudança. “Já há um diálogo com outros administradores”, revela.