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Brasília

Tradição de malhar o Judas perde força no DF

Arquivo Geral

20/04/2014 7h36

Concluídas algumas das mais tradicionais encenações da Via- Sacra em Brasília, o sábado da Semana Santa é conhecido pela Malhação de Judas. A reportagem do JBr. encontrou pouca gente “malhando” o Judas. No Cruzeiro, por exemplo, apenas um boneco foi encontrado. Ele foi pendurado em frente a um boteco. Entre goles de cerveja, um grupo de pessoas pretendia acertá-lo e depois queimá-lo.

A tradição europeia, que veio ao Brasil em formato diferenciado, perdeu a força e um dos eventos mais conhecidos, o da Vila Planalto, sequer aconteceu este ano.

“É tanta coisa errada que até para criticar a gente desanima”, justifica Leila Rebouças, 50 anos. Filha do idealizador da malhação de Judas na cidade, ela se tornou a principal encarregada após o falecimento de Francisco Alex, há dois anos. “Depois que meu pai morreu, a gente ficou um pouco desmotivado, mas mesmo assim fizemos em 2013”, relembra.

Francisco sucumbiu a um câncer de laringe aos 75 anos. Leila conta que o velho fazia questão de perpetuar a tradição há pelo menos 50 anos, 40 deles na Vila Planalto, onde morou após se mudar de Fortaleza para Brasília, a fim de trabalhar na construção da capital. “Acho que é uma coisa que ele trouxe do Nordeste. Antigamente ainda roubávamos galinhas”, recorda-se Leila.

A brincadeira

O jogo lembra bastante a tradição espanhola e mexicana de bater em pinhatas, bichinhos que, ao serem atingidos, se espatifam e liberam doces. No caso da malhação de Judas, no entanto, a ideia é apenas agredir o boneco e depois atear fogo. No Brasil, é comum o uso de figuras de políticos ou personas non gratas da mídia nos rostos dos bonecos a serem acertados.

Pouca coisa na cidade

Para este ano, a intenção de Leila era fazer algo relacionado ao golpe militar de 1964. “Até tivemos a ideéia, mas minha mãe ficou doente”, explica. Albaniza Rebouças, 75 anos, acompanhava o marido e filha na preparação de tudo. Seu estado de saúde foi o fator mais importante para cancelar a malhação deste ano. “Na minha idade, qualquer problema derruba a gente”, brinca a costureira. Ela e outros membros da família sempre pensavam em figuras polêmicas ou midiáticas para compor os bonecos.

Repercussão

Ano passado, a brincadeira da Vila Planalto ganhou repercussão nacional, pois o alvo foi o pastor evangélico Marco Feliciano. À época, ele havia acabado de assumir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. 

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