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Brasília

Transporte público: esperança de dias melhores

Arquivo Geral

20/03/2014 7h40

A precariedade é marca registrada do transporte público no Distrito Federal e na Região Metropolitana. Ontem mesmo houve novo protesto de passageiros, desta vez, na região do Gama. Porém, pelo menos para os moradores da Cidade Ocidental, o martírio pode estar próximo do fim. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou, na terça-feira, um chamamento público para selecionar empresa que atenderá em caráter emergencial. O resultado sai em dez dias e a vencedora atuará com a Viação Anapolina.

A previsão é de que as atividades tenham início em abril. Vão operar 200 veículos, até que seja concluída a licitação. 

A novidade tem gosto de vitória para o vereador Paulo Rogério (PROS) e para o secretário do Entorno, Eurípedes Júnior (PROS). Na entrevista a seguir, ambos falam sobre os principais desafios e expectativas para o futuro.

Por que a medida levou 50 anos para acontecer?

Eurípedes Júnior:  Sou morador da Região Metropolitana, por isso, sempre acompanhei as dificuldades dos moradores de Planaltina (Goiás), onde resido desde 2003. Como vereador da cidade, tive que lidar com uma resistência grande da ANTT. Ao perceber que apesar da nossa insistência, os resultados não chegavam, lutamos e conseguimos executar um mandado de segurança para que uma nova empresa começasse a circular na cidade. Nesse período, as liminares  ganharam força.   Em dezembro de 2013, assumi a Secretaria do Entorno e pude articular a ideia de melhorar a qualidade do transporte público. Após algumas turbulências, conseguimos um chamamento público em Planaltina de Goiás e 60 ônibus novos estão circulando. A partir  dessa experiência bem-sucedida, o Paulo me procurou para que pudéssemos solucionar o problema da Cidade Ocidental. Depois de quase dois meses debruçados nessa questão, conquistamos esse progresso.  

Paulo Rogério: Nós acompanhamos toda a luta de Planaltina de Goiás e decidimos seguir esse exemplo. Não estamos falando de um problema atual, mas sim de uma exploração que já dura 50 anos. A população não aguenta mais tanto sofrimento. Alguém precisava ouvir o clamor do povo. Eu condeno os atos de vandalismo, mas não posso deixar de reconhecer que por conta disso as medidas foram tomadas. Era uma panela de pressão que estava prestes a explodir. Nós, enquanto autoridades, tentamos alertar isso.

O que vai mudar?

Paulo Rogério: Vão ocorrer muitas mudanças significativas no que diz respeito à tensão e ao sofrimento dos cidadãos. A quebra do monopólio é um ganho imensurável. Até a própria Viação Anapolina será beneficiada, pois se não houvesse um monopólio, com certeza ela ofereceria uma frota melhor. Quando há concorrência, o concorrente é obrigado a se adequar para ter a preferência do usuário. 

Eurípedes Júnior: Com o consórcio, temos a possibilidade de integração do transporte da Região Metropolitana com o do DF, além de mais segurança, mais conforto e infraestrutura das paradas de ônibus. Há 20 anos, nada acontecia e agora temos a chance de reformular o transporte em apenas um ano. 

 Quais os motivos o incentivaram a comprar essa briga?

Paulo Rogério: Eu senti na pele os maus-tratos do transporte público. Só quem sabe, por experiência própria, como é difícil passar três horas dentro de um ônibus para chegar ao trabalho, pode mensurar o desgaste provocado. Já dormi na Rodoviária do Plano Piloto por falta de transporte público. Era impossível não me comover. Esse monopólio tira  a dignidade das pessoas. A região metropolitana conta com um milhão de habitantes e precisam do transporte público para chegar no Distrito Federal.

Eurípedes Júnior: Sou morador do Entorno e conheço a realidade dos moradores. Todos os dias, várias pessoas me procuravam para pedir socorro e cobrar uma solução. Como vereador, ficava de mãos atadas e tinha muitas limitações de atuação. Todos esses fatores me chamaram a atenção para ajudar a mudar esse cenário.  Só quando assumi a pasta, tive mais acesso aos ministros e mais possibilidades de ser ouvido. Agora, posso cobrar dos parlamentares resultados para os problemas do Entorno. No caso da Cidade Ocidental, o Paulo teve papel fundamental. Eles nos procurou e mostrou a realidade da cidade.

O que tem sido feito no âmbito municipal?

Paulo Rogério: Como vereador, minha esfera de atuação é municipal. Em relação ao transporte público municipal, apesar dos esforços, não passamos por um momento bom.  Para tentar melhorar esse quadro, estamos elaborando o documento, que será protocolado nos próximos dias e enviado ao Ministério Público, pedindo a suspensão e proibição dos serviços prestados pela Cooperativa de Transportes da Cidade Ocidental (Cooptrocid).  Os veículos disponibilizados são verdadeiras máquinas de matar. A responsabilidade de fiscalizar é da Prefeitura Municipal, mas, infelizmente, ela não tem cumprido o seu papel.

Quais são as expectativas?

Eurípedes Júnior: Em relação à Região Metropolitana, o objetivo é melhorar os setores do transporte público, segurança, saúde e educação. Além disso, outra questão que merece atenção é o asfalto das cidades, já estamos tomando algumas medidas para isso.  

Paulo Rogério: São muitas expectativas. A situação da Cidade Ocidental é caótica. Eu nunca a vi tão abandonada. A precariedade toma conta de todos os setores: saúde, educação, segurança. Infelizmente, até agora o governo municipal não disse a que veio. Espero que o município reaja e mude essa situação, mas a única conquista que temos de concreta é o fim do monopólio.

 

 

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