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Brasília

Saúde Pública no DF: Uma espera sem fim

Arquivo Geral

10/01/2014 7h20

Para a população, descaso. Para as autoridades, excesso de demanda. Os dois lados, porém, são de uma mesma moeda: a saúde pública. Desta vez, a denúncia parte de pacientes que esperam por cirurgia na ortopedia no Pronto Socorro do Hospital Regional de Ceilândia há pelo menos dois meses. 

Além da demora no atendimento, pacientes e acompanhantes precisam enfrentar outras situações deploráveis, como macas nos corredores, depósito de lixo dentro do hospital e falta de médicos. 

Os relatos de descaso se assemelham. Uma mulher conta que no último dia 28 acompanhou o pai, de 69 anos, ao Pronto Socorro do HRC. O paciente havia quebrado o fêmur, passou pela triagem e foi classificado pela cor amarela, ou seja, urgência média. “Mandaram ele direto para o corredor, porque não tem espaço para os pacientes, e falaram que ele teria que ficar internado esperando pela cirurgia. Já faz mais de dez dias que ele está lá”, lamenta. 

Hemodiálise

A preocupação dela é que o pai passe mais tempo que o necessário no hospital e pegue alguma doença ou inflamação. “O pior é que ele tem de fazer hemodiálise três vezes por semana e não pode se mover devido a perna. Ele já teve que ser levado de ambulância para o Hospital Universitário de Brasília (HUB) para fazer o tratamento quatro vezes. Uma vez ele esperou três horas porque estava em falta a maca nas ambulâncias”, reclama. 

Outra acompanhante de paciente do HRC também relata uma história de espera. Ela está desde o dia 28 de dezembro acompanhando o marido que caiu do telhado e, além de quebrar o pulso, chegou a perder a consciência e teve edemas na cabeça. “Quando chegamos, fizeram raios X só no pulso dele. Só levaram a sério depois que ele desmaiou e foi parar na sala vermelha. Ele foi levado para o Hospital de Base para fazer uma tomografia e voltou. Até hoje aguarda a cirurgia e reclama de tontura e dor de cabeça”, conta a técnica de enfermagem. 

Sem previsão

Para ela, a falta de previsão é frustrante. “Teve um dia que deixaram seis pessoas de jejum e às 16h da tarde cancelaram a cirurgia”.

Demanda é alta

De acordo com o HRC, a demanda na ortopedia aumenta nesta época do ano, mas   a equipe está completa. Segundo o hospital, os casos menos críticos precisam aguardar. Os mais graves são atendidos e encaminhados ao centro cirúrgico ou transferidos para outros hospitais.

Hospital diz não haver irregularidades

Mas o que mais preocupa os acompanhantes são as condições nas quais os pacientes ficam dentro do hospital. “A cama do meu marido fica logo em frente à coleta de lixo. Lá eles jogam gazes com sangue, seringa, fralda suja e até resto de alimento. Tem horas que o cheiro fica insuportável”, relata a técnica de enfermagem. 

O assessor de imprensa do Hospital Regional de Ceilândia, Julio Duarte, diz que, de fato, foram colocadas lixeiras próximo às macas para que recebam o lixo despejado pelos pacientes, visitantes e acompanhantes. Ele completa, ainda, que  o chamado expurgo – setor responsável por receber materiais usados no Centro Cirúrgico e Unidades de Internação – sempre fica dentro do hospital. 

“Materiais como agulhas, seringas ou qualquer coisa utilizada no pronto socorro são recolhidos pela limpeza e ficam armazenados nesta sala que realmente fica próxima às camas. Mas tudo é retirado todas as semanas”, conclui. 

 Versão Oficial

De acordo com a Secretaria de Saúde, as filas para a cirurgia seguem a ordem de prioridade, onde pacientes mais graves devem ser atendidos primeiro. “Ressaltamos que a SES/DF vem fazendo constantes contratações e que neste ano ocorrerá um novo concurso público com vagas para várias especialidades”, informa.

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