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Brasília

Pomar nas ruas da Capital Federal

Arquivo Geral

23/11/2013 9h24

Admirada por sua beleza arquitetônica, a capital federal também guarda um lado delicioso: um pomar aberto ao público. Jaca, manga, pitanga e acerola são frutas facilmente encontradas pela cidade. O cenário, até então pouco evidenciado, chamou a atenção da  estudante de arquitetura da Universidade de Brasília (UnB) Gabriela Bandeira. Ela decidiu fazer um mapa das frutas urbanas encontradas pelo DF e colocar as informações em um guia turístico.

 

De acordo com a estudante, as árvores frutíferas podem ser encontradas em lugares como Cruzeiro, Asa Norte e Parque da Cidade. “Nos últimos anos morei fora e percebi que todo mundo tinha essa curiosidade sobre Brasília. A ideia da maioria das pessoas é que aqui só tem política e monumentos”, relata. Ela pontua que o objetivo principal do guia é desmitificar essa imagem da cidade.

 

A reportagem do Jornal de Brasília percorreu alguns pontos e encontrou gente fazendo a festa com a variedade de frutas. É o caso da família Rodrigues, que saiu da Estrutural para usufruir das mangueiras espalhadas pelo Eixo Monumental. “Tivemos a ideia de aproveitar a fartura de mangas. Ela é deliciosa e só tem nesta época do ano”, afirma Cleide Ferreira dos Santos, 34 anos, que trabalha com reciclagem. 

 

Evangelio Rodrigues, 38 anos, marido de Cleide, conta que anualmente reserva um tempo para colher as frutas espalhadas pela cidade. “Como venho de ônibus, não dá para levar uma quantidade muito grande, mas vou nos principais pontos. Além disso, é uma chance de passear com a família”, diz.

 

Mais investimentos

 

O catador Nelito Rodrigues observa que a paisagem da cidade fica mais bonita com as frutas. “Poderiam investir mais nisso. É uma delícia ficar embaixo dessa mangueira, saboreando sem gastar nada.”

 

Para o estudante Andriale Rodrigues, 19 anos, a visita ao local foi compensadora. “Com essa quantidade de manga, poderemos dividir com a família toda e com quem for nos visitar”, pontua.

 

Jacas chamam a atenção no Sudoeste

 

Com tamanhos e sabores variados, as jacas já fazem parte da história da via que separa Sudoeste e Cruzeiro. Plantadas há mais de 20 anos, as árvores cresceram e enfeitam o canteiro central. A presença da fruta é tão forte que a via ganhou o nome de Avenida das Jaqueiras. Quem passa por lá não esconde o olhar de admiração pelos frutos com aspecto ornamentais. 

 

Para o porteiro Pedro Nelson dos Santos, 55 anos, que mora em Santa Maria mas passa pelo local diariamente para chegar ao trabalho, as árvores contribuem para que o clima fique mais agradável. “Eu, particularmente, não gosto de jaca. Mas acho essas árvores frutíferas muito bonitas”, ressalta. 

 

Esperar é preciso

 

De acordo com Pedro, o plantio também contribui para a melhoria da qualidade de vida. “O nosso clima é muito seco. Então, um ambiente arborizado faz muito bem. Além disso, são frutas que quase não encontramos para comprar”, argumenta.

 

Já para a advogada Carla Braz Aguiar, 40 anos, que faz exercícios físicos diariamente no local, os cidadãos deveriam esperar as frutas amadurecerem para colhê-las. “Eu fico “namorando” as frutas todo dia, mas, infelizmente, as pessoas pegam quando ainda estão verdes. Podiam esperar o ponto certo”, respalda a advogada.

 

A jaqueira é a espécie produz o maior de todos os frutos comestíveis que crescem diretamente sobre o tronco de árvore. O fruto pode chegar a pesar mais de 30 quilos.

 

Ponto de Vista

 

Para Ana Rosa Domingues, professora do curso de Turismo da Universidade de Brasília (UnB), a questão das árvores frutíferas poderia ser melhor trabalhada. “O projeto do DF previa a escala bucólica que encaixaria muito bem as árvores frutíferas. Não precisaria sair da quadra para nada. Em outras cidades, ter essa possibilidade tão rápido é muito raro”, relata. Segundo ela, no âmbito do turismo, o assunto merece um olhar mais cuidadoso. “O turista terá esse contato mais próximo com algumas frutas que não são encontradas em outros locais. É importante trabalhar com as frutas que são específicas do DF”, frisa.

 

Gostosas e saudáveis

 

Esperar o atendimento no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) pode ter o seu lado agradável. Na entrada principal do hospital existe fartura de manga, pitanga e amora. Os pacientes e seus acompanhantes aproveitam o tempo para saborear algumas frutas. Outros que passam pelo local também aproveitam para colher a fruta. 

 

Exemplo disso é aposentada Erasma Regis, 69 anos. Driblando as limitações físicas impostas pela idade, ela desafia os riscos para colher sua fruta preferida. “Gosto muito de pitanga. Como sou aposentada, tenho todo o tempo livre e posso vir até aqui para catar algumas frutas”, conta, enquanto enche a sacola com frutas.

 

Além do lado gastronômico, as iguarias também podem agir no campo medicinal. “Fiquei sabendo que a folha da amora pode ajudar no combate ao reumatismo. Basta fazer um chá”, frisa. Ela também destaca que as frutas compradas no supermercado não possuem o mesmo sabor. “São muito caras e não são tão gostosas”, observa Erasma.

 

Vitamina C

 

Joelina Pereira, 43 anos, trabalha no setor de limpeza do hospital e não abre mão de uma passada pelas amoras e pitangas, diariamente. “Na hora do almoço é muito bom experimentar essas frutas. Há muito tempo mantenho esse hábito”, conta. Ela ressalta que não é somente o paladar que agradece. “Ouvi dizer que é uma fonte de vitamina C excelente. Sem querer, ainda cuidamos da saúde”, completa.

 

Boa para a saúde

 

De fato, há notícias de que as folhas da pitangueira têm conhecidas propriedades terapêuticas, tendo sido usadas no tratamento de diversas enfermidades, como febre, doenças estomacais, hipertensão, obesidade, reumatismo, bronquite e doenças cardiovasculares.

 

Saiba Mais

 

Nas ruas do DF é possível perceber as inúmeras novas árvores e mudas plantadas nos gramados e canteiros centrais. 

 

A ação faz parte do Programa de Arborização 2013, executado pela Novacap.

 

Eixo Monumental, Esplanada dos Ministérios, Estrada Parque Taguatinga (EPTG), Estrada Parque Guará (EPGU), Estrada Parque Indústria e Abastecimento (EPIA), acessos das Asas Norte e Sul  foram contemplados pelo projeto.

 

Neste ano, foram plantadas nas quadras residenciais do Plano Piloto 1.244 árvores.

 

 

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