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Brasil

Sapucaí já se prepara para receber segundo dia de desfiles

Arquivo Geral

08/02/2016 8h31

Andreia Salles, Jorge Eduardo Antunes e Soraya Kabarite
Especial para o Jornal de Brasília 

A maratona do primeiro dia de desfiles das escolas de samba mal acabou e o Sambódromo já se prepara para receber a outras seis agremiações que vão desfilar a partir das 21h30 desta segunda (8). Unidos de Vila Isabel, Acadêmicos do Salgueiro, São Clemente, Portela, Imperatriz Leopoldinense e a Mangueira buscam superar a crise econômica, que afetou a captação de patrocínios, com criatividade a até uma mãozinha do sobrenatural. Afinal, graças a uma entidade, o Exu Malandro, a vermelho e branco do Morro do Salgueiro conseguiu um mecenas, mantido em sigilo – comenta-se que é um pai-de-santo milionário da Baixada Fluminense. 

A Vila Isabel abre, às 21h30, o desfile de hoje. A ideia é esquecer o Carnaval do ano passado, quando ficou no incomodo 11º  lugar. Para espantar o baixo astral, a escola do bairro de Noel Rosa e amor eterno de Martinho da Vila, seu presidente de honra, leva à avenida o enredo “Memórias de Pai Arraia. Um sonho pernambucano, um legado brasileiro”, do carnavalesco Alex de Souza, ex-União da Ilha.  Homenageando o centenário de nascimento de Miguel Arraes e o estado de Pernambuco, a Vila promete um desfile sem protestos, mas com política. O esperado apoio oficial não veio, o que faz a escola morrer de saudade da Venezuela,  e dos milhões que Hugo Chávez despejou no Carnaval de 2006, para ser campeão. Mas, em compensação, trará para avenida mais uma joia rara: o samba composto por Martinho da Vila, Arlindo Cruz, Mart’nália, André Diniz e Leonel.

Se a Vila não confirmou, no plano material, o patrocínio acenado pela família de Miguel Arraes, o Salgueiro não tem o que reclamar do apoio financeiro enviado pelo além. Não fosse a intervenção das entidades, o enredo “Ópera dos Malandros”, de Renato e Márcia Lage, talvez não saísse. Bancado por um misterioso investidor ligado ao mundo místico, ele terá como figura central o Rei da Ginga. Vai falar da boa malandragem e, claro, das entidades espirituais, trazendo exus e pomba-giras na comissão de frente. Só terá  de ter o cuidado de não repetir os erros do ensaio técnico, quando a soltura de pombos causou a morte de dezenas deles e uma multa a pagar – que acabou na conta da entidade patrocinadora.

Surpresa no Carnaval do ano passado, quando chegou em oitavo, a São Clemente quer fazer bonito com o enredo “Mais de mil palhaços no salão”, de autoria da campeoníssima Rosa Magalhães, que conta a história milenar dos palhaços. Aos 69 anos e dona de sete títulos, o último em 2013, com a Vila Isabel, ela é o maior trunfo da escola de Botafogo para permanecer entre as grandes do samba. Dinheiro, a São Clemente não tem.

Também sem contar com patrocínios, mas apostando na volta à grandeza do passado, a quarta escola a desfilar será a Portela, de Paulo Barros, que saiu da Mocidade Independente de Padre Miguel para tentar levar a agremiação de Madureira ao tão sonhado título do Carnaval, que não vem desde 1984. Com “No voo da Águia, uma viagem sem fim”, o criativo Paulo Barros fala de grandes sagas humanas, vistas pelos olhos do símbolo da escola, e promete levar a maior campeã dos carnavais cariocas ao seu 22º campeonato. 

Penúltima escola a passar, a Imperatriz Leopoldinense também quer a glória de ser campeã de volta. A escolha do enredo para esse desafio, porém, não deixa de ser no mínimo exótica: os sertanejos Zezé di Camargo e Luciano. É sobre eles que fala o enredo  “É o Amor… Que mexe com minha cabeça e me deixa assim… – Do sonho de um caipira nascem os Filhos do Brasil”, do carnavalesco Cahê Rodrigues. Oficialmente, a dupla apoiou a escola afetivamene apenas. Como o poderio do bicheiro Luizinho Drummond, presidente da escola, não é o de anos passados, é de se esperar que os dois acabem sendo generosos.

Para fechar o Carnaval carioca, a Mangueira volta a homenagear um vulto da música brasileira em busca do campeonato, que não conquista desde 2002. Depois de Braguinha (supercampeão em 1984), Dorival Caymmi (campeão em 1986) e Chico Buarque (campeão em 1998), chegou a vez de “Maria Bethânia, a Menina dos Olhos de Oyá”, de autoria do carnavalesco Leandro Vieira, homenagear a cantora baiana. O irmão Caetano Velloso é presença certa no desfile. 

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