Menu
Brasil

Incidente com criança gera alerta no Rio para águas-vivas e caravelas

Arquivo Geral

22/01/2015 11h48

As queimaduras sofridas em várias partes do corpo por uma menina de 1 ano e 7 meses na última quinta-feira, 16, na praia do Leblon, na zona sul do Rio, alertaram para um risco enfrentando por banhistas, principalmente no verão: o choque com tentáculos de águas-vivas e caravelas.

A criança estava na beira d’água com o pai e teve 50% do corpo afetado. Ela foi levada para o Hospital Copa D’Or e deixou o local no fim do dia com curativos nos dois braços, nas pernas e em parte das costas. Em relato no Facebook, a mãe contou que uma enfermeira precisou pedir vinagre em um bar em frente ao hospital. “Apesar do enorme risco de choque anafilático e outras graves consequências, minha filha hoje, ainda em observação, medicada e sendo monitorada pelo Centro de Intoxicação do Rio, passa bem e provavelmente não terá sequelas”, disse Alessandra Veiga Martins.

Ela usou o seu perfil na rede social para alertar sobre erros no procedimento em caso de acidente. “O mais importante nessa história é conhecer o que deve e o que não deve ser feito quando alguém for atingido por essa espécie. O sofrimento da minha filha foi imenso, mas ela teve o socorro médico adequado e imediato, e o fato de ter sido retirada da praia do jeito que estava, sem ter sido passado algum tipo de ‘achismo’ sobre a sua pele, a não ser o vinagre no hospital, fez com que essa pseudo tragédia tivesse um final pra lá de feliz. O simples gesto de lavar a criança no chuveirinho da praia, por exemplo, poderia ter mudado drasticamente esse quadro.”

O biólogo marinho Marcelo Szpilman, diretor do Instituto Ecológico Aqualung, recomenda seis medidas básicas em caso de acidente: 1) sair da água e lavar o local atingido com bastante água do mar, sem jamais usar água doce; 2) não tentar remover os tentáculos presos à pele esfregando areia ou toalha; 3) colocar vinagre na região atingida por cerca de 10 minutos; 4) remover os restos de tentáculos com uma pinça; 5)lavar mais uma vez com água do mar e reaplicar o vinagre por mais 30 minutos; e 6) em caso de dores fortes e reações inflamatórias, tomar analgésicos e corticoides ou anti-histamínicos. O resfriamento do local da lesão, com a aplicação de bolsas de gelo logo após o acidente, também pode reduzir sensivelmente a dor.

Águas-vivas e caravelas são animais peçonhentos de corpo gelatinoso que utilizam os tentáculos orais para caçar suas presas, principalmente larvas, crustáceos e peixes. “Esses tentáculos possuem milhões de células denominadas nematocistos, contendo um fio tubular enrolado, que é projetado para fora, e um líquido peçonhento que pode, em função da espécie, provocar grande irritação, intensa sensação de queimadura e paralisia do sistema nervoso central. De quatro tipos, apenas dois deles são capazes de provocar lesões no homem”, diz o biólogo.

Esses animais são perigosos mesmo depois de mortos. “Ao perceber a sensação de queimadura, a vítima deve esforçar-se ao máximo para manter-se calma e conseguir sair da água o mais rápido possível, devido ao risco de choque e afogamento, sem, porém, tentar remover com as próprias mãos os tentáculos aderidos. Somente após chegar à terra firme é que haverá a necessidade da remoção cuidadosa dos tentáculos aderidos à pele, sem esfregar a região atingida, o que só pioraria a situação”, acrescenta Szpilman.

Ele diz que há muita controvérsia, especulações e opiniões conflitantes com relação aos procedimentos nos primeiros socorros e no tratamento das lesões. “Enquanto existem umas poucas com comprovada eficácia, algumas são totalmente inócuas e outras podem até mesmo aumentar a inoculação.

Soluções alcoólicas metiladas como perfumes, loções pós-barba ou mesmo bebidas alcoólicas não devem ser utilizadas, pois em alguns casos podem induzir mais descargas e/ou prolongar a agonia da vítima. Em contrapartida, o hidróxido de amônia diluído a 20%, o bicarbonato de sódio diluído a 50% e o soro do mamão papaia (antiga técnica usada pelos nativos havaianos) têm sido usados com variado grau de sucesso para reduzir a ação da peçonha e desativar os nematocistos dos tentáculos que ainda permanecem grudados no local lesionado. Existem relatos não científicos de que a urina também teria efeito sobre a peçonha. Como não há comprovação médica, seu uso é desaconselhável.”

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado