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Brasil

CE: motorista é suspeita de ofensas racistas a agentes

Arquivo Geral

24/11/2014 19h49

“Seus desgraçados, amaldiçoados, que o diabo, o satanás, o senhor das trevas, acompanhe vocês a partir de agora”. Assim começa a carta cheia de xingamentos e conteúdo racista que três agentes do Departamento Estadual do Trânsito do Ceará (Detran-CE), receberam após rebocarem, no dia 11 deste mês, carros estacionados em locais proibidos no Bairro Aldeota, área nobre de Fortaleza.

Insatisfeita em ter seu veículo retirado do local por estar parado irregularmente em uma vaga destinada a táxis, uma mulher foi no dia seguinte até a sede do órgão entregar a carta ao departamento de fiscalização.

“Hoje tu vive como gente, por causa da maldita princesa Isabel. Senão, hoje, tu viverias no tronco levando chicotada nos lombos”, diz outro trecho da carta, que era direcionada ao motorista do reboque, Mauro César Soares. Perplexo, Soares disse que nunca havia passado por uma situação como esta. “Ao contrário, recebi elogios”, disse.

“Tem inveja de mim porque sou branca, né? Se tu tivesses vivendo na época dos meus bisavós (que eram senhores portugueses, donos de escravos) e dos teus antepassados, hoje tu estaria lambendo o chão que eu piso. Morre de inveja, né, desgraçado, amaldiçoado: tu nunca será como eu. Nunca estará à minha altura”, consta ainda na carta.

A mulher suspeita de ser a autora do documento compareceu, nesta segunda-feira, 24, à Superintendência da Policia Civil, no Centro da capital cearense, mas preferiu ficar em silêncio. Na semana passada, ela já havia faltado a outros dois depoimentos. Em entrevista por telefone a uma emissora de TV local, a motorista disse que não havia assinatura na carta e que por isso nada poderia ser provado contra ela.

O delegado que apura o caso, Gustavo Pernambuco, disse ter ficado surpreso com o conteúdo e apontou alguns crimes no documento, como injúria racial e desacato. A polícia vai agora encaminhar o caso para o Ministério Público. “Agora vou dar o saneamento do inquérito policial e encaminhar para o juiz. Lá ela terá a oportunidade de mais uma vez de falar e fornecer suas versões sobre os fatos”, explica o delegado.

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