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Brasil

Comandante da PM-RJ nega demissão e diz que se fosse culpado já teria sido preso

Arquivo Geral

26/09/2014 14h05

O comandante-geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, coronel José Luis Castro Menezes, afirmou hoje (26) estar tranquilo com o procedimento aberto pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro para investigar o Estado-Maior da corporação. A investigação foi iniciada a partir de uma denúncia de corrupção, feita, em delação premiada, por um sargento preso na Operação Amigos S.A. O comandante ressaltou que não pediu demissão após a divulgação da investigação e que isso “não passa pela cabeça dele”.

 

“Estou muito tranquilo. Tenho certeza de que não há qualquer responsabilidade sobre o comando. Se tivesse, certamente já teríamos sido presos semana passada”, disse o comandante, referindo-se à deflagração da Operação Amigos S.A. Argumentou que “houve ruído na comunicação”, apontando sua administração como responsável por um esquema ocorrido em anos anteriores. “Não estamos aqui para tirar o corpo e fora e responsabilizar a administração daquela época. No período relatado pelo delator, era comandante do 33º Batalhão da PM, em Angra dos Reis, e nunca meu comandante intermediário, o chefe de Estado-Maior ou o comandante-geral pediram, sequer insinuaram, que, para que eu continuasse no comando do Batalhão, teria de contribuir com R$ 15 mil”.

 

Ontem (25), a 2ª Promotoria de Justiça junto, da Auditoria de Justiça Militar, instaurou procedimento para investigar as informações do sargento preso na operação. Conforme a denúncia, todos os batalhões da PM eram obrigados a pagar R$ 15 mil ao Estado-Maior da corporação. O sargento foi preso com outros 23 policiais, por suspeita de participação em um esquema de propina no 14º Batalhão de Polícia Militar (Bangu), na zona oeste do Rio, onde atividades irregulares não tinham repressão, mediante pagamento a policiais militares.

 

O comandante-geral da PM admitiu falha administrativa no retorno do capitão Walter Colchone ao Comando de Operações Especiais (COE), após ser detido, em 2013, por envolvimento com caça-níqueis. Ele foi preso na operação Perigo Selvagem, deflagrada no início do comando de José Luis Castro Menezes na PM. Colchone foi solto e voltou ao comando de Operações Especiais. Foi novamente preso, por suspeita de participação no esquema do 14º Batalhão.

 

“Falharam a Coordenadoria de Inteligência, a corregedoria falhou e a Diretoria-Geral de Pessoal. Posso dizer que eu, como conhecedor do fato, também falhei. O Estado-Maior falhou”, reconheceu o comandante, afirmando que não houve dolo nas falhas. Justificou, lembrando que os policiais que falharam foram os mesmos que trabalharam para a prender o oficial.

 

No caso do coronel Alexandre Fontenelle, preso como suposto chefe do esquema do batalhão de Bangu, Castro Menezes disse que não havia informação de impedimentos contrariando a decisão de nomeá-lo comandante do COE. Segundo ele, a Secretaria Estadual de Segurança Pública optou por realizar a investigação, sem comunicar o comando da PM. “Foi uma questão de critério. E eu respeito”, observou.

 

O comandante da PM anunciou a abertura de um inquérito policial militar para apurar as denúncias. Adiantou que a corregedoria terá autonomia, porque é acompanhada pelo Ministério Público. “O encarregado não vem à minha sala perguntar o que fazer”, assinalou.

 

Participaram da entrevista o chefe do Estado-Maior Operacional, coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes, e o chefe de Estado-Maior Administrativo, coronel Ricardo Coutinho Pacheco. Coutinho estranhou o envolvimento do seu nome na delação, já que, confrorme assegurou, estava na Inspetoria-Geral da Guarda Municipal no período denunciado pelo sargento. Os comandantes declararam que todas as informações necessárias à investigação estão à disposição.

 

Para o coronel Moraes, o sentimento é de revolta. “A atual administração não pode passar pelo que tem passado por conta do que o sargento ouviu dizer sobre a gestão anterior. Partem da afirmação de uma pessoa, que ouviu dizer que, anos atrás, tinha um esquema. Naquela época, eu comandava uma unidade. Nunca ouvi falar de esquema algum em que você tinha de pagar para comandar. Isso aqui não é um balcão de negócios”, concluiu.

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