Em meio à dor pela perda de parentes, moradores do Distrito Federal enfrentam transtornos após o sepultamento que não poderiam imaginar. Enquanto uma professora se pergunta onde foram parar as flores e adereços colocados no túmulo de um familiar, moradores de Brazlândia têm de encontrar forças para buscar informações sobre o misterioso desaparecimento de um corpo.
A busca por respostas já dura 20 dias para Êmerson Alves de Oliveira, 41 anos, e Wellington Alves de Oliveira, 44. É o tempo em que eles descobriram que o caixão com os restos mortais do pai, José Vieira de Oliveira, 73 anos, desapareceu do cemitério de Brazlândia.
No último dia 29, eles voltaram à Quadra 8 do cemitério para enterrar o irmão, Francisco Aldemir de Oliveira, na mesma cova de José Vieira e do sobrinho Washington Luís Vicente de Oliveira, na sepultura 39. Mas encontraram a cova revirada e só com os ossos do segundo.
O coveiro responsável pelo enterro foi o primeiro a notar o sumiço do caixão. “O funcionário disse: ‘só tem um aqui’”, conta Wellington.
Perícia
A confusão não parou por ali. O irmão deles teve de ser enterrado em outra cova para que a anterior fosse periciada. “Eles pediram para que nós aguardássemos alguns dias, que dariam resposta. Mas não informaram nada”, reclamou Êmerson.
Ao retornar ao cemitério alguns dias depois, encontraram a campa limpa. “Não havia lápide nem mais as flores que levamos para ele”, lamentou Wellington.
Sobre o sumiço do caixão, o coordenador de Assuntos Funerários da Secretaria de Justiça, Henrique Rocha, explicou que determinou um prazo de cinco dias para que a administração do cemitério preste esclarecimentos. Somente depois disso é que ele deve analisar a necessidade de uma sindicância para apurar o sumiço. “A empresa já foi notificada. Vamos aguardar”, disse Rocha.
Sumiço de flores vira caso de polícia
No cemitério Campo da Esperança do Plano Piloto, os relatos são do sumiço de adereços colocados nos túmulos. De acordo com uma moradora do Sudoeste, que pediu para não ser identificada, a falta de três coroas de flores, cinco vasos de planta e arranjos foi percebida um dia depois do enterro da mãe dela. “Na segunda-feira passada, minha filha chegou do exterior e pediu para visitar o túmulo da avó. Chegamos lá por volta das 10h e nos deparamos com o local revirado”, descreve.
A tampa estava revirada. O funcionário contratado pela família para cuidar da sepultura foi o primeiro a notar o problema e disse a ela que não havia o que fazer.
Contrariada, a professora e a filha foram à delegacia registrar a ocorrência sobre o furto da ornamentação. Em nota, a Divisão de Comunicação da Polícia Civil confirmou o registro do boletim de ocorrência, mas informou que o caso é isolado, e que está investigando.
A Coordenação de Assuntos Funerários da Sejus informou que, por se tratar de um local público, o desaparecimento das coroas de flores e vasos de plantas do túmulos é de responsabilidade da polícia. “Os cemitérios são abertos para o público. Não temos como impedir que as pessoas entrem”, afirma o coordenador Henrique Rocha.