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Corpos das três brasileiras que sumiram em Portugal são achados em fossa

Arquivo Geral

28/08/2016 19h26

Reprodução/Facebook

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Os corpos das irmãs brasileiras Michele Santana Ferreira, de 28 anos, e Lidiana Neves Santana, de 16, e de Thayane Milla Mendes, de 21, companheira da mais nova, foram encontrados na sexta-feira (26), na fossa de um hotel para cães em uma quinta de Tires, na cidade de Cascais, em Portugal. Elas estavam desaparecidas desde o início de fevereiro. O principal suspeito de ser o autor dos crimes é o brasileiro Dinai Alves Gomes (foto), companheiro de Michele, que estava grávida de três meses. Após o sumiço das mulheres, ele voltou ao Brasil sem pedir demissão.

A investigação do triplo homicídio aponta para duas possibilidades. Dinai era legalmente casado no Brasil com outra mulher, que teria ido a Portugal no começo deste ano. Para evitar ser flagrado, ele teria matado as três. A outra suspeita é que o crime tenha motivações homofóbicas, já que ele seria extremamente conservador e ficara incomodado com o relacionamento de Lidiana e Thayane.

No sábado (27), jornais portugueses chegaram a publicar a informação que Dinai se entregou a Polícia Federal, mas isso não se confirmou. Ele chegou a prestar declarações à PF quando voltou ao seu Brasil, logo após o desaparecimento, sem dar dados conclusivos. Inicialmente suspeitava-se que ele poderia ter entregue as três mulheres a uma quadrilha de tráfico internacional de pessoas.

Dinai pedira Michele em casamento, mesmo sendo casado no Brasil. Ele tinha dois filhos, um com a esposa e outro fruto de relacionamento extraconjugal na mesma cidade onde a atual companheira nasceu, Campanário, em Minas Gerais. Ela morava em Portugal havia oito anos e a irmã Lidiana mudou-se para lá em novembro do ano passado. Já Thayane, que é capixaba e namorava a adolescente, foi para o país europeu em janeiro deste ano. Michele era doméstica e tentava a cidadania portuguesa. Thayane fora trabalhar numa creche, nas cercanias de Lisboa.

Os corpos foram encontrados pela Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária portuguesa, na fossa, após várias diligências – entre elas, uma vistoria na mesma fossa, em abril deste ano. Dinai, que era empregado da limpeza no hotel, teria escondido os cadáveres sem levantar suspeitas. Sem pistas, as autoridades esperam o resultado das autópsias, que começam esta semana, para descobrir até quando as três foram mortas, pois os cadáveres estavam em avançado estado de decomposição.

Amiga suspeitou

Em entrevista ao jornal português Diário de Notícias, Flávia Macedo, amiga de infância de Michele, contou que ela vivia com Dinai há quatro anos e que ele “não era muito carinhoso”, mas nunca soube que era violento. Foi ela que alertou a polícia portuguesa após saber, no início de fevereiro, que a mãe de Michele e de Lidiana, Solange Santana Leite, estava sem notícias das filhas.

“Achei estranho. Liguei para os quatro e ninguém atendeu. Fui à quinta onde moravam, mas era noite e já tinha fechado e não veio ninguém à porta. No dia seguinte, como ninguém atendia, fui lá confrontar o Dinai e ele disse-me que elas tinham saído de casa e que tinha ido lá um rapaz brasileiro buscar as coisas delas”, disse Flávia, que estranhou a história e acionou as autoridades.

Somente após o desaparecimento das três é que Flávia descobriu que Dinai era casado no Brasil e não divorciado, como dizia. “Em novembro, a Michele estava superfeliz porque estavam providenciando os papéis do casamento”, diz a amiga Flávia. Um mês antes, no entanto, ela fora agredida na rua, três dias após ser pedida em casamento por Dinai, mas os supostos criminosos nada levaram. O casamento não ocorreu após um estranho assalto à casa dos dois. Os documentos e os papéis do casamento foram roubados. A investigação policial apontou que o autor do roubo era, provavelmente, uma pessoa conhecida e com acesso ao apartamento.

Mãe está em choque

Após sete meses sem notícias, e em choque com a confirmação das mortes, Solange falou por telefone com o jornal português e disse que “pelo menos acabou a agonia e o tormento de não saber onde estavam”. Ela acreditava que as filhas tinham sido alvo de traficantes de pessoas e nunca desconfiou de Dinai. “Parecia uma pessoa boa ao início”, acrescentou. “Ele chegou a ligar no fim de 2015 a pedir minha filha em casamento. Tinha uma cara de anjinho ele. Como eu ia adivinhar?”, questiona-se.

Por confiar nele, Solange permitiu que Dinai fosse o responsável legal por Lidiana, que era menor, pois ele tinha uma vida estabilizada em Portugal, morando lá há mais de dez anos e conhecia a família de Michele. A opinião mudou quando elas desapareceram e ele começou a mentir. “Ele disse que elas estavam bem e que tinham ido viver em Londres. Tudo mentira. Conversou comigo no WhatsApp e depois disse que nunca tinha conversado comigo no WhatsApp”, acrescentou.

A história de mudança para Londres não convenceu Solange. Dias depois de as irmãs pararem de dar notícias, ele afirmou que as três iriam estudar na capital inglesa. Dinai afirmou que Michele se demitira e eliminara a conta no Facebook para não ser encontrada pela ex-patroa. A mentira foi desmascarada quando a Interpol revelou que não havia qualquer registro da saída das jovens de Portugal e muito menos sua entrada na Inglaterra.

Pedido de ajuda

Para tentar trasladar os corpos para o Brasil, Solange está fazendo uma campanha de doações na internet. A auxiliar de serviços gerais em uma escola de Campanário (MG) criou uma campanha no site de financiamento coletivo GoFundMe e até este domingo (28) já havia arrecadado quase US$ 4 mil (pouco mais de R$ 13 mil). “O que eu queria mesmo era encontrar minhas filhas vivas. Só vou a Portugal se a polícia me disser que tenho de ir para exames de DNA ou algo do gênero”, disse ela, por telefone, ao Diário de Notícias.

Solange também contou que a filha mais nova queria ser pediatra. “E Michele trabalhava como doméstica numa casa mas tirou curso de inglês e queria um serviço melhor”.  Ela lamenta que Dinai não tenha sido preso em Portugal. “Queria que a polícia daí tivesse pegado ele. Aqui no Brasil a pena é de 30 anos mas ele sai ao fim de cinco com bom comportamento”, lamenta. Em Portugal, a pena máxima por homicídio qualificado é 25 anos.

 

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