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Hélio Doyle

Rumo errado tem de ser corrigido

Arquivo Geral

12/10/2016 7h00

Atualizada 11/10/2016 22h41

Raphael Ribeiro/Cedoc

Um administrador responsável reconhece quando sua gestão está indo mal e tem coragem para mudar o rumo – mesmo quando pensa, por ingenuidade, arrogância ou só por marketing, que está no rumo certo. Se o administrador tiver humildade pode corrigir os erros e superá-los.

Em uma empresa privada, o administrador que insiste no rumo errado é demitido. No serviço público, embora haja mais condescendência dos superiores e interesses políticos em jogo, é exonerado da função. Para prefeitos, governadores e presidentes, a punição é dada pelo eleitor: o mau gestor não é reeleito, ou não se elege para outro cargo.

Mesmo o impeachment só é viável quando a vítima é mal avaliada pelos eleitores.

Reeleição cada vez mais difícil

O governo e o governador Rodrigo Rollemberg (foto) estão muito mal avaliados pelos eleitores no final do segundo ano de gestão. Hoje, apesar da ausência de adversários fortes, é mais seguro apostar que Rollemberg não se reelegerá, caso dispute as eleições em 2018. Está se fixando nos eleitores uma imagem negativa do governador e a cada dia fica mais difícil mudá-la. Agnelo Queiroz sabe o que é isso.

O mais grave é que não se prenuncia nenhuma ação de governo suficientemente significativa para melhorar a avaliação. A crise financeira e econômica que inibe investimentos, diminui a receita, corta empregos e reduz salários, não ajuda. Sem dinheiro, o governo de Brasília aposta em pequenas intervenções, que o eleitor considera meras obrigações, e algumas soluções complexas, de implantação e possíveis resultados a longo prazo.

Devagar nem sempre se vai ao longe

Para melhorar o atendimento na saúde, a área mais crítica, o governo joga tudo nas organizações sociais. Além de encontrar forte oposição à medida, as OSs, se forem implantadas, abrangerão apenas a atenção básica na Ceilândia e se houver resultados demorarão a aparecer. Será muito pouco diante do péssimo quadro da saúde.

O Viva Brasília, programa de segurança, não está contribuindo para que a população se sinta mais segura. Há diversas promessas de campanha que não estão sendo cumpridas e que dificilmente serão em um ano e meio – os possíveis adversários têm cópias do programa de governo e do que foi dito na campanha eleitoral.

O processo de parcerias e concessões começou a andar com enorme e injustificável atraso e as circunstâncias para assinar contratos não são nada favoráveis. Mesmo as parcerias e concessões que se mostrarem viáveis demorarão a ser implantadas e não apresentarão resultados imediatos.

Pode até ser, mas será?

Há quem diga que Rollemberg não disputará a reeleição e poderá tentar voltar ao Senado. São duas vagas e um governador é sempre forte candidato. Mas aí ele teria de sair do governo seis meses antes e entregá-lo ao vice Renato Santana – que, nesse caso, ou se candidata à reeleição (sim, tudo é possível na política brasileira) ou se nega a assumir o posto para ser candidato a deputado.

Outra hipótese levantada é de Rollemberg ser o candidato a vice em alguma chapa presidencial à qual o PSB esteja aliado. Se se admite que Renato Santana possa ser candidato a governador, tudo é mesmo possível na política brasileira, e assim nenhuma especulação pode ser totalmente afastada.

Mas governador mal avaliado e do pequeno Distrito Federal como vice-presidente não parece uma probabilidade razoável. E o PSB não está hoje com a bola toda que tinha nos tempos de Eduardo Campos.

Sacudir tudo e dar a volta por cima

A melhor alternativa para Rollemberg, seja lá qual for seu projeto futuro, seria aproveitar este quase fim de ano para fazer uma profunda reflexão sobre o que tem sido sua gestão. Se a reflexão for profunda mesmo, a única opção que haverá será fazer uma boa autocrítica, reconhecer os inúmeros erros políticos, administrativos, de gestão, de equipe e de comunicação e dar uma forte guinada para mudar radicalmente o rumo.

Mesmo que não queira se candidatar a nada em 2018, Rollemberg deveria ter a preocupação de terminar bem seu mandato e ser lembrado como um governador que, apesar dos momentos muito difíceis, conseguiu entregar o Distrito Federal em situação de equilíbrio fiscal e com pelo menos algumas realizações de peso a mostrar.

A crise parece ser relativa

É incrível a falta se sensibilidade política e bom senso do secretário adjunto de Turismo, Jaime Recena, e dos que autorizaram a viagem dele a Las Vegas para, durante 10 dias, assistir a apresentações de show aéreos – Red Bull Air Race – e participar de uma feira de turismo. Recena e uma funcionária da Secretaria viajam com diárias e passagens pagas pelo governo.

Secretário de turismo não é para fazer turismo e, afinal, há uma crise ou não há?

As gavetas cheias do TCDF

A coluna abordando o excessivo tempo que os conselheiros do Tribunal de Contas do DF levam para liberar licitações teve bastante repercussão. Há processos de compras importantes inexplicavelmente interrompidos desde o início do ano passado. Vamos voltar ao assunto.

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