Menu
Hélio Doyle

O governador de duas notas só

Arquivo Geral

21/10/2016 7h00

Atualizada 20/10/2016 21h42

Cedoc/JBr

Em 2001, a equipe do governador Joaquim Roriz (foto) fez uma pesquisa para ver o que os brasilienses lembravam como realizações do ex-governador Cristovam Buarque, que havia perdido a reeleição em 1998. Havia, na época, a suspeita de que Cristovam poderia tentar nova eleição em 2002.
O resultado da pesquisa animou Roriz. Os entrevistados logo falavam nas faixas de pedestres. Depois muitos lembravam da bolsa-escola. Mas quase ninguém conseguia citar mais nada quando o entrevistador pedia uma terceira realização de Cristovam no governo.
Cristovam nunca mais quis disputar a eleição para governador. Nem quer, embora diga a algumas pessoas que poderá se candidatar. Não tem coragem de disputar e menos ainda de governar.

O objetivo é mesmo o Planalto

Cristovam sabe que são pequenas suas chances de reeleição para o Senado: a “esquerda” não votará nele, devido a seus recentes posicionamentos políticos, especialmente o voto a favor do impeachment, e não é um dos candidatos preferidos da “direita”, que tem muitos outros nomes. Há, hoje, candidatos muito mais fortes do que ele, nos dois lados.
Sem coragem e disposição para disputar o governo e sabendo das dificuldades para se reeleger no Senado, Cristovam quer mesmo é se candidatar a presidente da República. Essa, inclusive, foi uma das razões para deixar o PDT, que já tem Ciro Gomes como possível candidato, e se filiar ao PPS.
Acha que pode se beneficiar da busca do eleitorado por alguém contra quem não pesam acusações de corrupção e que não tenha o perfil do político tradicional. Mas sabe que é difícil ganhar, quer é uma tribuna nacional.

A crise ainda não impede gastos dispensáveis

O governo de Brasília insiste em patrocinar viagens desnecessárias com dinheiro público, apesar das críticas que vem sofrendo. Não se trata apenas dos valores, mas de ser coerente com o momento de crise financeira pela qual passa o governo. Se o dinheiro está curto e o Estado não pode honrar seus compromissos, tem de cortar despesas supérfluas e até mesmo importantes, mas não essenciais.
O Diário Oficial do DF publica autorização para que a subsecretária de Políticas de Desenvolvimento e Promoção Cultural, Mariana Soares Ribeiro, viaje para Bogotá, com passagens e diárias pagas pelo governo, para participar da 2ª Edição do Mercado de Indústria Cultural do Sul.
Como o encontro é de 16 a 21 de outubro e o despacho do chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, é de 19 de outubro, a subsecretária deve ter viajado antes da autorização.

Viajar nem sempre é preciso

Hermes de Paula, que já foi secretário de Obras e presidente da Novacap, diz que “99% das viagens internacionais e locais são dispensáveis, pois não agregam nada de prático para o Estado”. Ele conta que nos 16 meses em que esteve à frente da Novacap fez uma só viagem, às suas custas, para conhecer tecnologias inovadoras de recuperação de pavimentos.
As viagens, na verdade, beneficiam mais as pessoas físicas que o Estado. Muitas vezes o secretário ou dirigente de empresa até faz contatos importantes e conhece novas práticas, mas logo deixa o governo e leva com ele os ensinamentos.
Isso, quando não se limitam a cumprir uma agenda básica e passear.

Para desestimular os turistas

Uma maneira de dar transparência aos gastos com dinheiro público seria o governo divulgar publicamente os relatórios das viagens, com a agenda cumprida, contatos realizados e benefícios reais ao Estado e à população. Além, claro, dos custos.
Só essa obrigação já eliminaria muitas viagens desnecessárias, pois alguns nada teriam a dizer nos relatórios. Se bem que há sempre gente bem criativa para simular produtividade.

TCDF contesta a Secretaria de Educação

O Tribunal de Contas do DF questiona as informações dadas à coluna pela Secretaria de Educação acerca da licitação para contratar a dedetização de escolas. Em nota, a assessoria de comunicação afirma que “não houve qualquer erro ou engano do TCDF ao afirmar que o preço estimado de R$ 122 milhões estava 15 vezes maior do que o valor de mercado”.
Segundo a nota, a Secretaria de Educação aumentou os valores para tentar justificar a contratação dos serviços em conjunto com as empresas de conservação e limpeza, o que “representa um indício forte de tentativa de direcionamento da licitação, vez que, em tese, apenas empresas que realizam todos esses serviços é que poderiam disputar o certame”.

Quem dá menos?

Anexando os ofícios enviados pela Secretaria de Educação, o TCDF procura demonstrar que conseguiu, com base em pesquisa de mercado minuciosa, reduzir os preços da dedetização, chegando ao valor de R$ 8.357.589,13. Posteriormente, diz a nota, a Secretaria informou o valor de R$10,1 milhões.
A nota informa que os argumentos da Secretaria de Educação para a realização da licitação de dedetização em conjunto com a de limpeza e conservação já foram analisados pelo corpo técnico e serão “brevemente” submetidos ao plenário do tribunal.
Informada da nota do TCDF, a Secretaria de Educação não respondeu. A batalha continua?

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado