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Futebol

Professor cria família voltada para o handebol

Arquivo Geral

25/04/2017 7h00

Atualizada 24/04/2017 22h35

Foto: Ariadne Marçal

Rosana Jesus
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A família do treinador César Rodrigues, de 28 anos, é o time de handebol. Ele treina cerca de 50 jovens que não possuem condições financeiras para custear uma escolinha e diz que essa sempre foi sua paixão. ‘Cesinha’ – como gosta de ser chamado – faz esse trabalho voluntário há nove anos na Cidade Ocidental (GO).

Desde que decidiu adotar uma família diferente da do próprio sangue, o atleta e educador físico tem como maior desafio arrecadar dinheiro para bancar as inscrições, viagens e alimentações dos atletas carentes em campeonatos.

Cesinha se dedica ao esporte desde 2003. Mas foi sete anos depois, quando participou do projeto “Profeta Segundo Tempo”, que teve a ideia de criar o IDESP (Instituto de Eduardo Santos Paulino).

Saiba mais

  • O nome do projeto ( IDESP) é em homenagem ao ex-atleta Eduardo Santos Paulino, que morreu em 2014, aos 16 anos, em um acidente de motocicleta.
  • Os treinos comandados por Cesinha são realizados três vezes por semana e duram cerca de duas horas, no ginásio de esportes da Cidade Ocidental.
  • A equipe Sevem Comandos IDESP já ganhou vários prêmios participando de competições em diversas cidades, no Goiás, no Distrito Federal e também em locais mais distantes.
  • Trindade (GO), Anápolis (GO), Catalão (GO), Caçu (GO), Inhumas (GO), Jaraguá (GO), Britânia (GO) e até São Paulo já foram visitados pela equipe.

Atualmente, a equipe é composta por mais de 50 jovens de classe baixa. A maior parte deles estuda em escola pública, o restante é bolsistas em instituições privadas.

“O esporte precisa ser contínuo e alguém tem que fazer isso por ele. Eu dava aula em uma escola aqui da região, então tive a ideia de convidar algumas crianças para treinar no ginásio da cidade. Quando percebi, já tinha quase 60 inscritos”, relata o educador.

Cesinha fala sempre com entusiasmo sobre seus atletas e afirma que todos são dedicados e disciplinados. De acordo com ele, o principal lema do esporte é a educação e sempre passa isso para os alunos. Prova disso é que para participar assiduamente dos treinamentos, os inscritos têm que apresentar bom desempenho escolar.

“Eles não querem parar de treinar, então, se estão indo mal na escola, são cobrados aqui, e melhoram, pois não querem parar de jogar handebol”, conta Cesinha.

Família “presente”

Embora conte com o apoio dos pais no projeto, Cesinha admite que é difícil ter a presença das famílias dos alunos durante os treinos. O contato se torna maior quando há uma competição.

“Até aquele pai que não leva o handebol muito a sério, se emociona quando vê o filho jogando como um profissional”, exalta Cesinha. “Mesmo assim, conheço menos da metade dos pais dos meus alunos”, lamenta o treinador.

As viagens para competições mais distantes são outro empecilho para Cesinha. Ele esclarece que sempre entra em contato com os responsáveis pelos atletas, mas, por vezes, nem sequer obtém uma resposta.

“A maioria apenas assina a autorização, outros nem permitem a viagem. Isso acontece, na maior parte das vezes, como forma de castigo, porque o atleta está indo mal na escola ou algo do tipo”, afirma o técnico.

Cesinha diz entender a proibição dos pais, mas aconselha outros tipos de punições. “Tirar o celular ou o computador da criança seria uma forma de castigar sem precisar privar do esporte”, confia.

Tem aluno pensando em seleção

Fascinado por esporte, o professor Cesinha incentiva os pais a iniciarem seus filhos nas atividades físicas ainda criança. Para ele, quanto mais cedo o jovem entre em contato com o esporte, mais ele tem chance de se destacar. “Criança gosta de diversão, então um acaba chamando o outro e quando eles percebem já estão envolvidos e levando o esporte realmente a sério”, esclarece.

É embasado neste raciocínio que ele tem feito seus alunos sonharem alto. “Temos uma goleira que sonha jogar na seleção brasileira, ela tem apenas 10 anos, mas tem o meu total apoio para isso. Sempre falo para ela que o nosso objetivo é fazer com que ela chegue lá”, garante. “A outra atleta entrou no Facebook da seleção e pediu materiais básicos para os jogos. Eles são apaixonados pelo que fazem e é isso que me deixa feliz”, se orgulha.

A IDESP não conta com nenhum tipo de apoio governamental ou patrocínio privado. As despesas são pagas com a venda de chaveiros, geladinhos e rifas. A equipe sonha em organizar grandes eventos desportivos, mas Cesinha afirma não ter meios financeiros.

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