Menu
Futebol

Curso para treinadores da CBF diverge opiniões

Arquivo Geral

04/10/2017 7h00

Foto: Divulgação/CBF

Pedro Marra
[email protected]

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) criou em 2016 a CBF Academy – curso de treinadores – , mas convive com a falta de reconhecimento internacional. Mês passado, integrantes da entidade máxima do futebol nacional viajaram a Zurique (Suiça), local da sede da FIFA, solicitar que o curso fosse chancelado, assim como é o da União Europeia de Futebol (UEFA) e até o da Argentina. Mas segue sem resposta.

Isso porque um treinador brasileiro – com ou sem o certificado do CBF Academy – não pode treinar um clube europeu sem fazer os cursos da UEFA ou da Argentina.

A gerente da CBF Academy, Elaine Lemos, esclareceu as conversas com a Conmebol para fazer a regularização continental. “A CBF tem como prioridade o reconhecimento das licenças de treinador, devidamente chancelada pela Conmebol. Sob essa perspectiva, mantém há mais de um ano contínua interlocução com a Conmebol e FIFA, que têm se mostrado interessadas na resolução do pleito”, explica Elaine, em entrevista ao Jornal de Brasília. A CBF analisa impor aos técnicos que atuam nas Séries A e B terem licença A até 2019 para dirigir os times.

Como na UEFA, a CBF possui quatro categorias em seu curso – C, B, A e PRO, cada uma com requisitos específicos para serem feitas.

Último estágio do curso brasileiro, a licença PRO requisita diploma de curso da licença A ou currículo aprovado pela coordenação. Da atual série A do Brasileiro, o técnico Fábio Carille é o único na categoria PRO. Na licença A, participam Eduardo Baptista (Ponte Preta), Claudinei Oliveira (Avaí), Jair Ventura (Botafogo), Vagner Mancini (Vitória) e Zé Ricardo (Vasco).

Sem unanimidade

A luta da CBF para ter seu curso reconhecido contrasta com a própria mentalidade dos técnicos que atuam no País. Há quem defenda a sala de aula, mas uma ala crê não ser necessário o estudo acadêmico para exercer a função.

Um dos alunos do CBF Academy é Claudinei Oliveira, técnico do Avaí. “A partir de agora, iremos entregar equipes mais estruturadas taticamente”, defende.

O presidente da Associação Brasileira de Treinadores de Futebol, Hermonzilha Cardozo, explica a necessidade do reconhecimento urgente do curso.

“Muitos treinadores estão sendo rejeitados internacionalmente. A CBF deveria unir as classes para que tenhamos respeito. E ainda nem temos a chancela da Conmebol”, lamenta.

Para o treinador Estevam Soares, a desunião da classe é um dos pesares. “Não vejo uma obrigatoriedade de você estudar o futebol para ser treinador. Eu mesmo já criei treinamento na inspiração”, diz ele, que é diretor do Sitrefesp.

Vanderlei Luxemburgo e Luiz Felipe Scolari foram um dos treinadores mais famosos a atuarem no exterior. O primeiro, comandou o Real Madrid em 2005 e precisou pagar uma taxa de 5% do seu salário para comandar os galáticos e solicitar requerimento junto à CBF. Assim como ele, Felipão não precisou apresentar certificado no Chelsea em 2008, porque a convenção europeia ainda não exigia o certificado.

Argentina é alternativa

Enquanto o curso brasileiro não tem o devido reconhecimento fora do País, uma alternativa aos treinadores tem sido a escola de estudos argentina. Há três anos presente no Brasil, o curso da Associação de Técnicos do Futebol Argentino, ligada à AFA (Federação Argentina de Futebol), existe de forma online desde 1994 e dura dois anos.

“A grande barreira do treinador brasileiro é o esforço de aprimorar e adquirir conhecimento”, diz o coordenador do curso argentino em território brasileiro Léo Samaja. O curso tem mais de 100 alunos.

Rafael Guanaes faz especialização argentina desde 2015. Na semana passada, foi contratado pelo Votuporanguense-SP, time que disputará a Série A2 do Paulistão.

“Também fiz uma pré-inscrição no curso da UEFA em Portugal. Acredito que tudo é muito válido”, diz ele. Em 2016, ele completou a licença B da CBF e pretende fazer todas as etapas.

Treinadores renomados internacionalmente como Diego Simeone (Atlético de Madrid), Mauricio Pochettino (Tottenham), Jorge Sampaoli (treinador da seleção argentina) e José Pekerman (treinador da seleção colombiana) passaram pelo curso.

São dois níveis: infantil e profissional. Técnicas de expressão oral e escrita, técnica e treinamento, técnicas de estudo e psicologia são algumas das matérias.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado