A saída de dois ícones do UniCeub/Brasília, praticamente em sequência, deixou os torcedores da equipe quatro vezes campeã nacional com a dúvida na cabeça: o time dos sonhos acabou?
Acostumados a gritar o nome do armador Nezinho e do ala Alex há quase sete anos, os brasilienses não escondem a dificuldade em aceitar o desmanche. “Sinto-me abandonado. Acompanho o time há três anos e é difícil acreditar”, lamenta o empresário Charles Soares.
Companheiro de Alex e Nezinho por pelo menos quatro anos em Brasília, o pivô Marcio Cipriano, que jogou a última temporada pela Liga Sorocabana, reconhece o vazio.
“A cidade perde um time campeão, construído desde 2005. Torço para que a cidade consiga novamente montar um time tão forte quanto, o que será muito difícil.”
Remanescente da temporada que teve fim na eliminação diante do São José, o ala/pivô Guilherme Giovannoni admite que o início sem a dupla – além de Sérgio Hernández, Martín Osimani e Marcus Goree, que tambem deixaram o time – não vai ser fácil.
“Será muito duro, o que é normal em uma equipe em reestruturação”, reconhece um dos mais experientes do grupo. “Mas, no final, vamos colher bons frutos, já que a ideia da diretoria é continuar com um time forte para estar entre os primeiros tanto na Liga Sul-Americana quanto no NBB”, confia.
Partir do (quase) zero
Se o adeus de Alex já havia surpreendido a diretoria por ainda ter um ano de contrato, a saída de Nezinho foi ainda mais traumática.
De acordo com o diretor de esportes da equipe, José Carlos Vidal, a negociação envolvendo o armador foi feita diretamente com membros do UniCeub. “O Nezinho tinha uma situação que envolvia outros desdobramentos, então pegou de surpresa. A negociação dele foi feita direto com a diretoria do time.”
Nezinho diz ter várias propostas
Amor pelo basquete de Brasília, que o acolheu por cinco temporadas seguidas. Este é o sentimento do armador Nezinho.
“Tenho muito carinho pela cidade e espero o melhor futuro possível. O basquete de Brasília merece ter muito sucesso”, diz.
Mesmo depois de tanto tempo na cidade e de tantas empreitadas de sucesso defendendo o UniCeub/Brasília, o camisa 23 viu a questão familiar pesar nos últimos tempos. E foi isso que fez com que ele buscasse novos ares.
“Na verdade, a questão familiar foi a que mais pesou para a minha saída”, conta.
Propostas
O futuro do armador segue indefinido. Uma resposta sobre seu próximo time deve sair nos próximos dias, de acordo com o próprio armador.
“O lado profissional também pesou na decisão. Recebi algumas propostas muito boas e até o fim de semana devo anunciar qual será o meu destino”, limita-se a dizer o jogador, sem nem dar pistas sobre que equipe vai defender na próxima temporada.
Garotos do Sub-22 perdem as referências
Na parede do ginásio da Asceb – casa do UniCeub/Basquete – todos os pôsteres dos ícones que saíram continuam intactos. Embora “nada tenha mudado” por lá, no treino habitual do sub-22 o clima fugia do cotidiano.
Sem os ídolos por perto, era nítida a expressão cabisbaixa dos meninos do clube. Filho do diretor José Carlos Vidal, Vitor Pantoja lamentou não poder mais contar com os ensinamentos dos medalhões Alex e Nezinho.
Ao contrário da maioria da categoria de base, ele integrou o banco de reservas do time adulto em vários jogos oficiais, quando Vidal era o técnico do elenco.
“Desde quando nem jogava aqui assistia aos jogos deles. São a nossa inspiração. Vamos sentir falta principalmente porque eles eram nossos espelhos”, lamenta.
Armador da equipe, Victor Silveira também destaca o espaço que o Nezinho vai deixar. “Treinei com ele e tentava imitar o que o ‘Nezo’ fazia. Ele saiu com a missão cumprida. Gosto do jogo do Facundo Campazzo (Argentina) e acho que ele seria uma boa aqui no time, apesar de achar que isso pode ser impossível”, sugere o atleta.