“Morra jovem, permaneça belo”, dizia o vocalista da banda Nirvana, Kurt Cobain. E assim ele se foi. Até quando as pessoas vão negar o envelhecimento? Afinal, nascer, crescer e morrer fazem parte da lei natural da vida. De uma forma poética e crítica o espetáculo escocês Tomorrow trata do envelhecer de um jeito emocionante e triste, nos levando a refletir sobre o que seremos amanhã.
Hoje é a última oportunidade para embarcar nesta viagem, guiada pela companhia Vanishing Point Theatre. O espetáculo é encenado às 16h, na sala Plínio Marcos da Funarte (Eixo Monumental).
Uma luz fraca, branca, nos conduz desde o início a uma sensação de passagem, de transformação do que fomos, somos, para o que seremos. O tempo, no entanto, passa mais depressa do que o esperado. Um jovem tenta ajudar um idoso, mas perde a paciência.
De repente, é esse mesmo jovem que vai se deparar com o choque do tempo. Ele perde a beleza, o vigor, se vendo obrigado a aceitar que a idade chegou. Conduzido para um local estranho, que pode ser comparado a um asilo de idosos ou a um centro de internação, ele encontra a solidão.
Nesse espaço, vários senhores andam de cadeira de rodas, são deixados de lado, ficando totalmente alienados. Eles estão presos ali e não podem sair. Na claustrofobia, os personagens passam a desejar a morte e acabam renegados pelos próprios filhos.
Mensagem final
Uma história de negação, solidão e contestação aos valores e à falta de respeito das gerações mais novas para com as mais velhas. A mensagem final da montagem escancara: Por que não respeitar a velhice se todos estão fadados à passagem do tempo?
A direção de Matthew Lenton ousa ainda na linguagem e elementos que a princípio podem dar uma sensação de surrealismo. Pessoas encapuzadas, diálogos desconexos, luzes que conduzem a um espaço diferente. Essa pegada mais “contemporânea”, no entanto, parece ser totalmente proposital e se encaixa no contexto proposto pela companhia. Vale a pena assistir.