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Economia

Só quem reduz os preços consegue vender imóvel

Arquivo Geral

10/08/2016 7h35

Kleber Lima

Manuela rolim
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A venda de imóveis pelo preço avaliado originalmente despencou nos últimos doze meses. Neste período, 76 por cento das casas e apartamentos que foram comprados tiveram desconto, conforme mostrou o FipeZap em pesquisa divulgada ontem. De acordo com os dados, só 23 por cento dos compradores pagaram o valor pedido pelo anunciante. Foi o 16º mês seguido que o percentual de compras com desconto cresceu.

No Distrito Federal, o cenário não é diferente. O presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário (ADEMI), Paulo Muniz confirma que a “procura pelas melhores condições é uma prática forte no DF”, apesar de ter destacado a velocidade de vendas no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2015.

“É claro que essas vendas ganharam força depois que o mercado passou a facilitar a compra, através de descontos e promoções”, explica Muniz. Para ele, a situação é reflexo da crise. “Na atual conjuntura do País, os brasilienses estão inseguros, com medo da instabilidade do mercado de trabalho. Vale lembrar, inclusive, da dificuldade de crédito que vivemos”, completa.

O presidente da Ademi ressalta, porém, que a tendência é de mudança. Segundo Muniz, em 2013, eram 15.600 unidades novas, seminovas, em construção e recém-lançadas à disposição. No ano passado, o número caiu para nove mil.

“Isso significa que estamos alcançando um equilíbrio entre a oferta e a procura, o que vai beneficiar os vendedores em pouco tempo e, consequentemente, diminuir os descontos. Agora é momento de comprar e não de vender”, explica Muniz.

 

Apê de luxo já custa 15% a menos

Com um apartamento duplex na Asa Norte à venda há dois anos, a economista Fátima Sobreira, 61, precisou abaixar o preço do imóvel para começar a receber as primeiras propostas. “Ele foi avaliado em mais de R$ 2 milhões, mas tive que abaixar o valor sensivelmente. Hoje, peço algo em torno de R$ 1,7 milhões. Não aparecia ninguém para comprar. Até aluguei durante um período para não perder tanto dinheiro com condomínio e todas as despesas de uma casa, mas voltei a anunciar”, relata.

A economista completa que as propostas surgem com ressalvas. “As pessoas sempre pedem bons descontos. Já vendi outros imóveis menores, mas nunca foi tão doloroso. É frustrante. Me sinto perdendo dinheiro”, lamenta.

O mesmo acontece com a assessora parlamentar Fabiana Zamora, 42. Ela conta que já abaixou cerca de R$ 1 milhão no preço de uma casa no Lago Sul que está a venda desde 2014. “É desestimulante. A gente cria expectativas. Além disso, acredito que os corretores avaliam o imóvel acima da realidade do mercado. Por causa da crise, estou me mudando para a Asa Sul”, acrescenta.

Saiba mais

Segundo o  FipeZap, a proporção média   de desconto nos últimos 12 meses foi de  9,4% – alta  em relação aos 9,2%  de maio e os 6,7% de junho de 2015. Já o Sindicato da Habitação de São Paulo diz que os lançamentos totalizem cerca de 17 a 18 mil unidades em 2016, o equivalente a uma queda de 20% a 25% em relação a 2015 na capital paulista.

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