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Economia

Para o Banco Central, DF sai à frente ao investir bem

Arquivo Geral

26/11/2018 7h00

Atualizada 25/11/2018 23h44

“Eu continuo com o mesmo pensamento de quando tinha 16 anos: gastar somente com o necessário. Lógico que as contas aumentaram, mas a responsabilidade também. Não vale gastar com o que é prazeroso mas vai te tirar dos seus planos”. Pedro Alves, empresário e investidor. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

João Paulo Mariano
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Brasília é a unidade da Federação em que a população mais tem acesso a serviços financeiros, tem oportunidade de gerar os seus recursos e conta com serviços de proteção ao consumidor. Além disso, na capital as pessoas têm mais canais para participação do debate sobre o sistema financeiro. Isso tudo fez com que DF atingisse a melhor nota do Índice de Cidadania Financeira (ICF): 87,2. Ele foi medido pela primeira vez e divulgado pelo Banco Central do Brasil (BC).

O ICF, que vai de 0 a 100, faz parte do novo conceito de Cidadania Financeira apresentado pelo BC este mês. Foi construído após consulta às referências internacionais, ao setor acadêmico e aos integrantes do mercado financeiro. A formulação veio da junção de quatro fatores: educação financeira, inclusão financeira, proteção ao consumidor e participação em debates.

A nota do DF foi o dobro da média nacional (41,5) e superior à de estados com economia forte, como São Paulo (74,5) e Rio Grande do Sul (65), em relação aos anos de análise – de 2015 a 2017.

O chefe do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central do Brasil, Luís Mansur, explica que, após delimitar o conceito de cidadania financeira, era preciso achar uma maneira de mensurá-lo.

O jeito foi unir duas fórmulas conhecidas pelo BC há algum tempo: o Índice de Educação Financeira (IEF) e o Índice de Inclusão Financeira (IIF). O primeiro utiliza nove indicadores e o segundo, quatro. “Essa foi a forma que tivemos de transformar um conceito subjetivo em algo quantitativo para acompanhar e evoluir com políticas públicas eficientes”, afirma.

Os dados não surpreenderam os integrantes do Banco Central. Luís Mansur esclarece que a pesquisa retratou bem a situação do País: Estados mais desenvolvidos tiveram índice maior. Ele ainda lembra que quando o índice de educação financeira e o de inclusão são analisados separadamente existem possibilidades interessantes.

“A inclusão está mais homogênea. A diferença entre o DF e os demais (estados) não é tão grande. O Brasil é um país altamente bancarizado. Mais de 85% das pessoas têm conta bancária, mais que em países desenvolvidos, mesmo em território gigante. Todos os municípios têm um ponto físico de algum banco”, comenta Mansur.

Porém, quando o índice de educação financeira é colocado em evidência, as diferenças são maiores. Mansur explica que isso ocorre porque o sistema educacional geral do Brasil tem suas discrepâncias e não consegue ser eficiente para todo mundo. Se a educação convencional não chega às pessoas, não é possível que os conhecimentos financeiros evoluam.

Quem controla as contas sempre tem seu dinheiro

Como fazer para ter uma melhor cidadania financeira? O diretor da Valorum e mestre em finanças, Marcos Melo, indica que é preciso estar em uma cidade com boa capilaridade bancária e utilizar dos serviços financeiros. Porém é necessário gastar o dinheiro com consciência, evitando a inadimplência, e buscar educação financeira.

O empresário Pedro Alves, 24, é um bom exemplo e controla os seus gastos desde os 16. Foi nessa idade que o rapaz conseguiu o primeiro salário como jogador de futebol. De lá para cá, não sabe quantos cadernos já preencheu com anotações sobre seus gastos. Com o tempo, o jovem passou a fazer uma planilha on-line, em especial, após ter começado a sua empresa de assessoria esportiva.

Filho de comerciantes, ele entendeu o valor do dinheiro desde muito cedo. Assim, na adolescência, só continuou com os costumes que aprendeu. Esse histórico leva Pedro a gastar apenas 50% de tudo que recebe – os outros 50% são para os planos futuros. Além do dinheiro vindo pela empresa, também exerce a função de árbitro de futebol nos fins de semana. “Até os 30, quero ter meu próprio apartamento e um local maior para atender as pessoas da minha empresa”, diz Pedro.

“Depois que a pessoa começa a planejar, ela fica rica mais rápido”, brinca Melo. “O dinheiro aparece quando se tem controle”.


Números

87,2
é o Índice de Cidadania Financeira (ICF) alcançado pelo DF
41,5
é a média do ICF registrada em todo o Brasil
86,5%
da população brasileira acima de 15 anos têm conta bancária e sabe usá-la.


 

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