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Economia

Mercado de trabalho frustra em 2018, diz Ipea; graduado ganha menos que poderia

Agência Estado

12/12/2018 12h11

Atualizada

O mercado de trabalho encerra 2018 aquém do esperado no início do ano, segundo a técnica de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Maria Andreia Lameiras. “Temos consciência de que, para ter crescimento da taxa de ocupação, vamos ter que fazer o dever de casa, vamos ter que dar a sinalização aos empresários de que as reformas vão ser feitas”, afirmou.

Neste ano, o número de subocupados, de quase 7 milhões de trabalhadores, ainda é elevado. Mesmo no grupo menos atingido pela crise econômica, de pessoas com nível superior, muitos trabalham em postos de menor qualificação. Esses trabalhadores ganham 74% menos do que os seus pares que ocupam vagas compatíveis com suas formações.

Segundo estudo do Ipea, nos últimos quatro anos, o total de jovens com nível superior em funções incompatíveis com a sua escolaridade subiu 6,1 pontos porcentuais, chegando a 44,2%. Se analisado todo universo de graduados, independentemente da idade, o mesmo índice é de 38%, o maior patamar desde o início da série, em 2012.

Entre o primeiro trimestre de 2012 e o terceiro trimestre deste ano, o número de trabalhadores com ensino superior completo avançou de 13,1 milhões para 19,4 milhões. A população ocupada com diploma é a única parcela que apresenta taxas de expansão positiva a cada ano, nesse intervalo de tempo, segundo dados da Pnad Contínua, utilizada pelo Ipea em sua pesquisa. No entanto, parte desse contingente não consegue obter uma função adequada ao seu grau de instrução.

“Tivemos um padrão de crescimento nos últimos anos baseado em setores que não necessariamente requerem uma mão de obra especializada. A economia não está conseguindo gerar emprego de nível superior. Ao mesmo tempo, a população está mais escolarizada, o que é positivo. A gente agora tem que começar a criar emprego com perfil adequado a essa escolarização”, afirmou.

Maria Andreia avalia ainda a qualidade das graduações. “Não adianta só formar, tem que formar com qualidade”, acrescentou.

No setor público, esse cenário é mais visível, porque muitos concursados com graduação assumem cargos de nível técnico, diz Maria Andreia. Nos últimos meses, houve um crescimento do emprego no setor de serviços, enquanto alguns segmentos da indústria ainda estão demitindo.

“Não tem como ver resultados da reforma trabalhista num ano tão confuso, em que a confiança dos empresários ficou muito abalada”, afirmou. A técnica do Ipea lembra que o mercado de trabalho foi o último a ser afetado pela crise econômica e deve ser o último a sair. “Esperamos para 2019 um cenário melhor”, destacou.

Fonte: Estadao Conteudo

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