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Economia

Enquanto o Brasil cresce, o DF encolhe

Arquivo Geral

27/03/2018 8h17

Valdir Oliveira. Foto: Breno Esaki/Cedoc/Jornal de Brasília

Eric Zambon
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O DF encerrou 2017 com retração de 0,3% na comparação com o ano anterior, conforme o Índice de Desenvolvimento Econômico do DF (Idecon-DF), calculado pela Codeplan. O resultado está abaixo do avanço de 1% constatado pelo IBGE para o Brasil — portanto a capital teve atividade econômica pior em relação ao País. A esperança por dias melhores está nos dados do último trimestre, que apresentaram evolução de 1,1% em relação ao mesmo período de 2016.

O desempenho foi puxado principalmente pela diminuição da queda no setor de Serviços, responsável por mais de 94% da economia local. Entre outubro e dezembro, setor teve crescimento de 1,2% e, no ano, a retração calculada foi de apenas 0,2%, diminuindo a sangria dos resultados negativos registrados nos 11 trimestres anteriores consecutivamente.

A condição para que essa retomada se concretize, nas palavras do secretário de Economia, Desenvolvimento, Inovação, Ciência e Tecnologia do DF, Antônio Valdir Oliveira, é estabilidade política. “O segredo para nós não é a indústria bombar e nem o agronegócio evoluir, é estabilidade no ambiente político e um setor público equilibrado”, afirma, dizendo que a crise gerada por eventos como a CPI dos Patrimônios, sobre o desabamento do viaduto na Galeria, poderiam minar o processo.

“O que temos que torcer é que, por 2018 ser um ano eleitoral, não tenhamos instabilidade. Se não tivermos problema, aposto na recuperação”, crava.

Falta estímulo à indústria

Além da retomada pretendida, porém, resta saber porque Brasília vive um momento econômico ruim enquanto o País se recupera. Para Clarissa Joahns Schlabitz, gerente de contas e estudos setoriais da Codeplan, a composição da economia local explica o momento. “Quando a gente vê a retração em primeiro momento, em 2015, como 44% do nosso PIB é de serviço público, tivemos estabilidade maior porque o setor público é menos dinâmico por excelência”, começa.

Assim, a gordura acumulada pela dependência desse segmento fez com que o DF sentisse a recessão com menor intensidade nos últimos dois anos, mas agora patinasse. Isso porque a nossa indústria teve recessão de quase 3% no ano passado, enquanto para o Brasil, como um todo, foi o setor que puxou a retomada, junto com a Agropecuária, que também cresceu no DF, mas tem pouca participação na nossa economia.

De acordo com o presidente da Federação das Indústrias (Fibra) no DF, Jamal Jorge Bittar, a dependência da Construção Civil, que se retraiu 3,1% em 2017, explica o desempenho do setor. “Esse ramo trabalha com valores mais consideráveis e, portanto, demora para a população retomar capacidade de compra que recupere esse setor”, justifica.

No País, a indústria da transformação teve papel importante na retomada de vagas de emprego e na atividade econômica, mas também é pouco representativo no DF. No Brasil, esse segmento cresceu 1,7% em 2017 enquanto no DF retraiu-se 1,1.

Saiba mais

– A indústria, com peso de 5,4% na estrutura produtiva do DF, registrou contração de 1,8% no quarto trimestre de 2017, em relação ao mesmo período do ano anterior. Para o país, o IBGE computou alta de 2,7% para o setor, conforme o Idecon-DF.

– A construção civil é responsável por 2,9% da atividade econômica local e 54,9% do setor industrial. No Brasil, a atividade recuou 1,6%.

– A atividade acumulou perda de 228 postos de trabalho no Distrito Federal, no decorrer de 2017, ritmo melhor que no ano anterior, quando foram eliminados 7.051 empregos formais, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

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