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Economia

Alimentação saudável muda até prateleiras dos supermercados

Arquivo Geral

11/03/2019 7h02

Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília

Ana Karolline Rodrigues
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Com a crescente mudança nos hábitos de consumo da população, que busca cada vez mais um estilo de vida saudável, empreendimentos do setor alimentício vêm realizando gradativamente uma adaptação nos produtos oferecidos para se adequarem a essa realidade. Restaurantes, lanchonetes e até mesmo redes de fast food têm buscado oferecer alimentos como frutas e saladas, como forma de se atualizar neste mercado. Segundo estudiosos, porém, a adaptação atinge inclusive redes de supermercados.

De acordo com o norte-americano Phil Lempert, conhecido como o “guru dos supermercados”, há uma tendência para que, em breve, essas lojas sejam menores e ofereçam produtos com mais informações, além de contar com a presença de nutricionistas. “Nunca vi algo tão forte nesse setor”, afirmou Lempert, que é jornalista no segmento de alimentos em grandes redes de TV, como a ABC e a NBC.

Para ele, o nutricionistas auxiliaria os clientes tanto a entenderem as informações nutricionais como a saberem quais os melhores produtos, de acordo com a pessoa. “Hoje, as principais fontes de informação são resultados de busca na internet, que nem sempre estão corretos. Os supermercados poderiam ocupar esse papel de informar sobre o bem-estar à sua comunidade”, disse em palestra que realizou em 2015 na Convenção Abras, em Atibaia (SP). “Afinal, os mercados vendem de tudo, desde os chocolates até produtos integrais e orgânicos em suas lojas”, completou.

Segundo o doutor em Administração e Inovação pela Universidade de Brasília (UnB) Antônio Isidro da Silva Filho, nas últimas décadas tem ocorrido um conscientização por parte da população para um consumo consciente e sustentável, com uma busca por produtos e serviços que tenham impactos positivos, imediatos ou a longo prazo, tanto na saúde como na sustentabilidade ambiental.

Ele explica que essa tendência surgiu ao longo dos anos 2000, com campanhas do governo para redução de obesidade, tabagismo, sedentarismo, aumento da longevidade, adoção de hábitos saudáveis. “Isso ocorreu não só pelos altos índices, mas também pelo custo da saúde, pelo tipo de hábito que se adota atualmente com os fast food, o alto consumo de conservantes e gorduras saturadas. Isso tudo levou a população a uma procura por serviços de nutrição, a exigir mais informação em rótulos dos produtos”, afirmou.

Redes de olho na evolução do cliente

Segundo o diretor de Sustentabilidade da rede de supermercados Carrefour Brasil, Paulo Pianez, a preocupação dos consumidores com a qualidade, origem e segurança dos alimentos é cada vez maior. “Precisamos engajar produtores e consumidores para assegurar alimentos que sejam bons para a saúde e produzidos de forma mais sustentável”, disse.

De acordo com Antônio Isidro da Silva Filho, essa busca também levou a indústria alimentícia a fazer mudanças, de forma a se adaptar a esta nova procura. “Isso vem fazendo com que não só produtores, mas as principais indústrias alimentícias se atentem para a melhoria dos produtos, para buscar o bem-estar e o benefício na vida das pessoas. Empresas tentam ajustar ofertas de produtos e serviços a uma experiência de valor mais agregado, com mais clareza na qualidade dos alimentos oferecidos”, explicou.

No caso dos supermercados, Antônio diz que a tendência é o aumento de experiências para o consumidor. “Quando você vai comprar um vinho, tem um sommelier que vai explicar a qualidade, o tipo de uva, a temperatura. Em outras áreas, o supermercado também pode agregar valor. Se um diabético vai fazer compra e tem um profissional que possa orientá-lo, isso vai fazer com que o consumidor tenha uma fidelidade maior à marca. É uma tendência que, em marketing, se chama ampliação do mix de serviços”, afirma.

Ele considera que uma rede de supermercados, então, deve manter uma relação direta com o produtor e o consumidor, além de se atentar aos produtos que são mais vendidos. “A gente tem que pensar em toda a cadeia produtiva. Se o atacadista percebe que o consumidor escolhe mais produtos naturais, orgânicos, ele precisa trabalhar de maneira integrada aos produtores que oferecem estes alimentos”, conclui.

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