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Vozes femininas dão visibilidade à luta das mulheres

Arquivo Geral

08/03/2018 7h00

Beatriz Castilho
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Mundialmente, o oitavo dia de março é separado para a celebração de lutas femininas. A tradição brasileira conta com entrega/recebimento de flores, chocolates, além de palavras de congratulações. Apesar disso, nós, mulheres, sabemos que as conquistas acabam esquecidas no dia seguinte. A verdade é que não queremos necessariamente presentes. Queremos ser ouvidas, também, nos outros 364 dias do ano. A luta é por direitos e respeito o ano inteiro. Neste Dia da Mulher, o JBr. separou eventos culturais que exploram a força feminina e dão visibilidade à luta das mulheres.

O Projeto BRB Cada Canto explora a diversidade musical de vozes femininas da nova música contemporânea brasileira. Ana Sucha e Mahmundi se apresentam hoje no Auditório I do Museu Nacional da República, às 19h. Amanhã no mesmo horário e local, Mariana Aydar e Tays Villaca sobem ao palco.

Carioca, feminista, multi-instrumentista e defensora dos direitos LGBTQ, Ana Sucha abre a programação. Carioca que viveu em Brasília na adolescência, Ana é intensa e mostra isso em seu trabalho. Como já dizia em Meu Nome é Tchau: “Seu baixo astral não combina com meu ascendente”. A cantora usa o humor ácido e ironia para construir sonoridades originais (utilizando palavras como batida, por exemplo) e transmitir suas vivências sobre o que é ser mulher – que vão de relacionamentos não normativos a assédios.

Em março, pelo gancho do oitavo dia do mês, questões relacionadas às lutas de gênero ganham mais espaço. Para muitas seria um problema, para Ana é uma oportunidade de visibilidade. “Depois de muito tempo entendi o quanto este dia é especial. É nessa época que mulheres conseguem trazer debates e dar mais acesso às discussões”, conta a cantora, em entrevista ao JBr.

A exposição de pautas feministas tem consequência direta na cena musical, pois a visibilidade dessas questões abre portas para representatividade. Para Ana, vivemos uma onda feminista que tem mudado musicalmente e socialmente novas gerações. “Queria ter tido contato com isso quando era mais nova. Hoje os jovens estão mais tolerantes para a discussão, e isso é maravilhoso”, completa.

Outro nome carioca participa do evento hoje: a autodidata Mahmundi. Por trás de um projeto sinestésico (derivado da condição de assimilar sons a cores) e intitulado a partir de temas de seu cotidiano, Marcela Vale explora sons sintéticos sem pregas em gênero. “Mahmundi é música, praia e boas histórias. Não é só uma cantora, é tudo abstrato à minha volta. Acredito que sou uma trilha sonora independentemente da minha cara”, conta a artista.

Mahmundi conheceu a música frequentando a igreja quando criança, dos 9 aos 20 anos. “Era lá que eu tinha contato com instrumentos musicais. Foi lá que decidi que meu papel com a música era de serviço: eu servia à música e ela servia às pessoas”. Negra e de periferia, a artista afirma que voz de minorias é algo estimulante. “A verdade é que mulher negra é muito solitária. Para não me perder, lembro da Marcela novinha, que queria ser rockstar, e a resgato”, revela. Assim como Ana Sucha, um dos objetivos da cantora é inspirar meninas mais jovens.

Ganhadora do Prêmio Multishow de Canção Brasileira, em 2014, Mahmundi se prepara para lançar um novo projeto este ano, ainda sem definição. Mas com uma certeza: o show de hoje receberá músicas inéditas.

Longe da igualdade

Amanhã, Mariana Aydar traz sua veia nordestina para vibrar o segundo dia do evento. Com show novo, a paulistana chega com forró, baião, xote e interpretações de outros, de BaianaSystem a Dominguinhos, além de novas composições. Mãe de Mariana, Bia Aydar, era empresária de Luiz Gonzaga. “Desde muito pequena, a música sempre foi do meu mundo, mas não sabia como não sair disso”, conta a cantora. Apesar disso a certeza sobre a voz veio apenas depois – quando começou a trabalhar com uma banda, aos 20.

Com uma década de estrada, a cantora afirma: “amadurecimento é tudo na vida. É muito bom me sentir confiante com o que eu faço. O começo foi cheio de incertezas, hoje está tudo mais concreto”. Em relação ao mercado musical, Mariana tem visão um pouco diferente. “Estamos longe da igualdade. Estamos discutindo os assuntos, mas precisamos ‘fincar‘ mais o pé nas nossas pautas, só assim para chegar em algum lugar”.

Também amanhã, “A Banda de Uma Preta Só” Tays Villaca traz a resistência da mulher negra para o palco do Museu Nacional. Com instrumentos de batuques afro, a artista paranaense explora a mistura do orgânico com beats eletrônicos.

Serviço:

Cada Canto

Hoje e amanhã, a partir das 19h. No Auditório I do Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios). Ingressos a R$ 30. Informações e vendas: sympla.com.br. Doadores de 1kg de alimento imperecível também pagam meia-entrada. Não recomendado para menores de 16 anos.

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