Beatriz Castilho
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Esqueça a imagem que o personagem vivido por Ryan Gosling em La La Land (2016) vende do jazz “de verdade”. Jazz não se prende a um gênero musical, vai além. A improvisação tornou o som multifacetado. Hoje, a incorporação de outros estilos e instrumentos na composição exploram a espontaneidade do gênero. E é justamente essa proposta de experimentação que o Jazz Meeting traz à capital. De hoje a domingo, na Caixa Cultural, a sétima edição do evento no País, e primeira vez na capital, conta com nomes internacionais e brasileiros.
André Dequech, diretor artístico do evento, explica que, apesar das seis edições curitibanas, a festa brasiliense “será uma grande surpresa, até para mim. Serão feitas coisas que nós nunca ouvimos antes”, promete. Pianista, arranjador e produtor musical, Dequech conta ainda que a escolha dos artistas não teve critério específico, todos foram selecionados “pelo sentimento”.
Com produção de Mirna Seleme, o Jazz Meeting explora o intercâmbio cultural, no qual experiências brasileiras, europeias e norte-americanas criarão arranjos inovadores em todos os dias de festival. “Por exemplo, Diana (Danieli) cantará música erudita brasileira com Djordje (Nesic), que traz o folclore sérvio para o palco”, conta André. Hoje, o espetáculo será dividido em duas partes, na primeira, a soprano e o pianista fazem uma viagem Brasil-Sérvia. Já na segunda, o americano William Galison se apresenta.
Amanhã, um dos maiores instrumentistas da música nacional, Nelson Faria, explora a experimentação com a união da Jazz Meeting Ensemble, composta por 12 músicos, e artistas convidados: Gustavo Tavares, violoncelista solista da Orquestra da Ópera Nacional Norueguesa; e Rodolfo Cardoso, professor de percussão e música de câmara na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Faria possui um currículo extenso, com 11 discos gravados e mais de 300 participações em composições de outros artistas. Apesar do vasto conhecimento, Nelson acredita que o evento será uma rica experiência para ele. “Vou tocar com uma orquestra de câmara, composta por nove cordas, duas madeiras e uma percussão. Além da participação da minha guitarra, acho que faremos algo inédito”, aposta. No repertório, músicas de Milton Nascimento, Luiz Gonzaga, Tom Jobim, entre outros.
Atualmente, Nelson Faria é professor na Universidade da Suécia e conta com oito livros didáticos na bagagem. “Música é algo que vem ligada à aprendizagem. Cada vez que você aprende mais de si, consegue explorar mais e inspirar os outros”, destaca o guitarrista.
Para fechar o festival, o Quinteto de Montreal protagoniza o show deste domingo. Começando uma hora mais cedo, às 19h, o último dia recebe apenas instrumentos de metal: dois trompetes, trombone, tuba e uma trompa prometem encantar os ouvintes.
Serviço:
Jazz Meeting
Hoje e amanhã, às 20h; domingo, às 19h. No Teatro da Caixa Cultural Brasília (Setor Bancário Sul). Ingressos a R$ 10 (meia-entrada). Informações: 3206-6456. Não recomendado para menores de 12 anos.