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Museu da República está de portas abertas para Caio F.

Arquivo Geral

12/09/2018 7h00

Atualizada 11/09/2018 22h20

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Beatriz Castilho
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Entre as linhas de Caio Fernando Abreu, pairavam-se mais do que letras. Livre – mesmo que em plena ditadura -, o romancista, dramaturgo e jornalista teve vida e obra baseada no amor como arma de resistência, e a arte como cama para as ideias. Nascido há exatos 70 anos, o gaúcho tem a trajetória criativa personificada na exposição Caio Fernando Abreu – Doces Memórias, que utiliza o gancho da data para inaugurar temporada na capital federal, a partir de amanhã, no Museu da República.

Não há número exato de peças que compõem a mostra. Colocadas em simbiose com mini-construções, objetos pessoais e referências criam pequenas instalações que revelam traços do autor.
“É uma mescla de literatura por meio dos textos, que você pode ler, ver e ouvir”, explica Lara Santana, curadora da exibição e pesquisadora do autor.

Por vezes de forma visível, por outras com mais subjetividade, o texto do gaúcho marca presença em todas os cantos da ambientação, com referências diretas à uma casa. Um dos exemplos é a geladeira vermelha, sempre aberta ao espectador. “Caio escreveu um livro infantil chamado As Frangas (1988), no qual galinhas ficavam em cima da geladeira, e lá estão elas na exposição”, conta Lara.

Entre os móveis estão também itens pessoais do escritor. Para Cláudia de Abreu Cabral, irmã de Caio, as escolhas não têm muita explicação, “algo meio pessoal, um abraço, algo mais intimista”, afirma, em entrevista ao Jornal de Brasília.

Emprestados pela família estão presentes roupas, prêmios, fotografias, e até Robocop (seu laptop) e Virginia Woolf (sua máquina de escrever). “A exposição representa um pouquinho do que o Caio era”, resume Cláudia.

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Uma breve longa vida e referência pop

Caio Fernando Abreu nasceu em Santiago do Boqueirão, Rio Grande do Sul, em 12 de setembro de 1948. Em 1963 se mudou para Porto Alegre, onde, 33 anos depois, seria vencido pela Aids. No ano da mudança para POA, publicou o primeiro conto: O Príncipe Sapo, inaugurando a extensa carreira na literatura.

Anunciou que era soropositivo na coluna Cartas para Além do Muro, do Estado de S.Paulo, em 1994. “Ele foi uma figura muito corajosa”, afirma a curadora Lara Santana.

“A obra tem referências múltiplas, ele fala das angustias humanas, algo atemporal”.

Inúmeras vezes apropriado por falsários na internet, Caio Fernando Abreu tem textos reunidos no recém-lançado Contos Completos (Companhia das Letras).

Considerado pela pesquisadora precursor de referências musicais e cinematográficas na literatura brasileira, Caio foi e ainda é um ícone pop. Para a irmã, Cláudia, Caio simplesmente “foi quem ele era”.

Serviço

Doces Memórias
A partir de amanhã. Na Galeria Acervo do Museu Nacional da República (Eixo Monumental). Visitação de terça a domingo, das 9h às 18h30. Entrada franca. Informações: 3325-5220. Classificação livre.

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