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Festival de Brasília: Periferia mineira como pano de fundo

Arquivo Geral

21/09/2018 7h00

Atualizada 20/09/2018 23h49

Divulgação

Beatriz Castilho
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Sem pressa, mas com constância, André Novais Oliveira está de volta à capital para estrear nacionalmente Temporada – penúltimo longa da Mostra Competitiva da 51ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O cineasta mineiro apresenta no Cine Brasília a história da conterrânea Juliana (Grace Passô), que deixa o interior do estado após uma oferta de emprego. Sujeitada ao contexto da região metropolitana de Belo Horizonte, a agente sanitária tem a profissão como precursora de novos encontros.

Bebendo de fontes que consagraram sua estreia em longa-metragem, Ela Volta Na Quinta – ganhador dos prêmios de melhor ator (Renato Novais) e atriz coadjuvantes (Élida Silpe) no Festival de Brasília de 2014 -, a nova obra apresenta referências biográficas para a construção do roteiro, também assinado por ele. “Temporada surgiu há uns anos, de uma observação”, conta o diretor, em entrevista ao JBr.

Contagem, cidade na qual a protagonista vive nova fase da vida, foi palco para vida e obra do próprio André. “Hoje estou em Belo Horizonte, mas não deixei Contagem. Minha casa continua lá, meus pais ainda moram lá”, destaca o diretor. Contagem é também a cidade onde se passa Ela Volta na Quinta. “Mas (os longas-metragens) só tem o local em comum. São dois filmes diferentes que falam sobre cotidiano e vida em periferia”, afirma.

Assim, tomando a cidade como cenário, o diretor prezou por gravações em locações reais. “Nada foi feito em estúdio, houve apenas algumas intervenções da direção de arte. Aliás, como diretor, nunca trabalhei em estúdio”, pontua. Acostumado com as interferências que podem surgir ao longo do processo, André abraça o que vier, mesmo que sejam sons ou ruídos. “O filme tenta respirar o que é de verdade àquele ambiente”.

Trabalho coletivo

Foram apenas 27 dias de gravação. O filme tem 113 minutos de duração. Apontando ajuda da equipe durante o processo, o diretor revela que acatou opiniões e sugestões da equipe de produção. “Foi uma construção coletiva. A Grace, por exemplo, faz da Juliana uma pessoa muito forte. Como mulher negra, passa por determinadas situações de forma muito nobre e bonita”, destaca.

Colocando holofote em uma personagem marginalizada socialmente, o longa contribui em diversidade – de gênero, lugar e raça. “Cada pessoa deve ter seu espaço para falar de sua quebrada. A vontade que eu tenho é de falar do espaço de muita gente, vontade de falar do próprio espaço”. Em Ela Volta Na Quinta, os protagonistas também eram negros, interpretados pelos próprios pais de André, que também está no filme.

Contemplando a penúltima noite da competição nacional, a data marca lançamento brasileiro do título, já exibido no 71º Festival de Locarno, na Suíça.


Serviço

51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Até 23 de setembro. No Cine Brasília (106/107 Sul), Museu Nacional da República (Eixo Monumental), Taguatinga, Riacho Fundo e outros. Para programação completa e classificação indicativa, acesse: festivaldebrasilia.com.br.

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