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Cinema

Festival de Brasília: Doc sobre sororidade inaugura competição neste sábado (15)

Arquivo Geral

15/09/2018 14h51

Divulgação

Beatriz Castilho
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Meados dos anos 1960, na altura do número 45 da Avenida Tiradentes – centro da capital paulista -, operava o extinto Presídio Tiradentes, que, de acordo com a Comissão da Verdade, recebia mensalmente de 15 a 20 mulheres. Rememorando as dores vividas por lá, o documentário Torre das Donzelas, de Susanna Lira, revive o passado para alertar sobre o futuro. O longa inaugura a programação da Mostra Competitiva, neste sábado (15), às 18h.

“A ideia surgiu em 2011, quando pesquisava sobre a presença feminina na luta contra a ditadura militar. Percebi que havia muito material sobre homens que lutaram contra o regime, mas muito pouco sobre as mulheres”, relembra a diretora, em entrevista ao Jornal de Brasília.

Mergulhando em artigos sobre a temática, acessando depoimentos da Comissão da Verdade, Susanna encontrou relatos que permeavam uma construção de pedra.

Batizada pela função e formato, e em razão da falta de carceragem feminina no DOPS/SP (Departamento de Ordem Política e Social), Torre das Donzelas serviu de prisão e local de tortura para mulheres detidas durante a ditadura.

Por meio de pesquisas e indicações, a cineasta buscou contato com mulheres que passaram pelo espaço, conseguindo gravar a memória de 30 delas. “Cada depoimento tinha mais ou menos 5 horas”, conta. Dentre os nomes, o relato da ex-presidente Dilma Rousseff. “Não esperem encontrar um discurso político, mas, sim, memórias de uma mulher que foi presa aos 19 anos e ficou na cadeia por três anos por não concordar com o regime imposto”, destaca a diretora.

Memórias
Além de compor parte dos 97 minutos do documentário, as entrevistas também auxiliaram Susanna no desafio de gravar uma locação inexistente.

Isso porque o complexo do Presídio Tiradentes foi demolido em 1972, ainda no regime autoritário, em virtude da construção de linhas do metrô paulistano. Desde então, o local é marcado apenas pelo antigo portão, chamado de “Arco do Presídio” – tombado como patrimônio histórico desde 1985.

“Pedi para que cada uma desenhasse em um quadro negro a imagem que elas tinham daquele espaço”, revela a diretora. “Dos 30 desenhos, nenhum era semelhante”, completa. Assim, sem memória física da Torre, a coleção de ilustrações foi entregue à diretora de arte, Glauce Queiroz, responsável por trazer à vida lembranças das ex-prisioneiras.

Permeando todos os relatos, a união feminina. De acordo com Susanna, um dos grandes destaques do filme. “As mulheres subverteram a questão da prisão através da sororidade. Elas se uniram, apesar de haver muitas diferenças, e conseguiram fazer daquele espaço um lugar de reconstrução pessoal”.

O lançamento do título na capital federal será a primeira vez das mulheres retratadas assistindo ao produto final. Ultrapassando os limites da tela, a diretora acredita que Torre das Donzelas serve como aviso para as gerações mais novas. “O filme revela o que foi de fato viver dentro de uma ditadura”, finaliza.

Serviço:
51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
De 14 a 23 de setembro. No Cine Brasília (106/107 Sul), Museu Nacional da República (Eixo Monumental), Taguatinga, Sobradinho, São Sebastião e Riacho Fundo. Ingressos: R$ 6, no Cine Brasília; entrada franca nos demais locais. Para programação completa e classificação indicativa, acesse: www.festivaldebrasilia.com.br.

Ficha Técnica:

Assistente de direção: Muriel Alves
Produção Executiva: Nuno Godolphim e Susanna Lira
Produção: Lívia Nunes
Coprodução: Canal GNT/ Canal Brasil
Roteirista: Susanna Lira, Rodrigo Hinrichsen, Muriel Alves e Michel Carvalho
Direção de fotografia: Tiago Tambelli
Operação de câmera: Tiago Tambelli e Jorge Bernardo
Operação de som: George Saldanha e Tito Gomes
Direção musical: Flávia Tygel
Mixagem: Bernardo Uzeda
Montagem: Celia Freitas, EDT, Paulo Mainhard
Arte: Glauce Queiroz
Make up: Paula Vidal
Distribuidora: Elo Company
Apoio financeiro: Ancine, BRDE, FSA, fundação FORD, CORREIOS, GNT e canal Brasil

 

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